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Readers Digest

Variação sobre o Lamento de Galadriel

Cantei as folhas, de ouro folhas, e folhas vi brotar:
Cantei o vento e vento veio os galhos farfalhar.
E como ouro caem as folhas ressequidas ao vento
E com elas se vão os anos além da conta e do tempo.
Os anos cheios de lembrança trazem as lágrimas
E estas caem sobre o solo fazendo brotar novas vidas…
A alegria da vida nasce de sua tristeza
E em minhas obras se revela a dor e a beleza.
A vida me foi uma taça cheia de hidromel perfumado
Que beberiquei e degustei bocado a bocado.
Mas vazia agora a taça quem irá novamente enchê-la?
Passada a alegria que outra fonte poderá cedê-la?
E agora entre as árvores dessa floresta que me adotou
Choro a distância que só em sonhos meu espírito cruzou.
Vaguei pelas paragens do sonho desperta
E nelas edifiquei o lar que me alberga…

Agora, desfez-se o sonho…

A magia que como pilar sustentava o mundo em sua tenra juventude
Ruiu e diante dos meus olhos só vejo a final decrepitude.

Ah! Cantei e cantei, mas não há canção que vá ressuscitar essas Árvores oníricas!

Agora, deixarei o lar que me adotou
E retorno, qual criança ao ventre que a formou!
Mas que criança já empreendeu esta jornada sem par?
Que barco me conduziria por tão vasto mar?
Seria realmente um barco assombrado por espíritos?
Me receberia Aman novamente em seus bosques paradisíacos?
E como, pergunto agora, que corrompida pela amargura
Poderei desfrutar novamente da infinita doçura?
Pode a alma que perdeu a inocência
Esquecer o seu caminho e a sua decadência?
E minhas mãos, que sujas pelo árduo trabalho,
Como poderão se tornar novamente imaculadas como na manhã o orvalho?
Ah! Refresquei a folha, mas cai sobre o solo e me tornei lama…
Mas talvez assim arda em meu espírito uma nova chama:
Que deixando de ser orvalho e me unindo ao solo
Nascerá em mim uma nova vegetação que conceberei em meu ventre e acalentarei no meu colo

Ai! laurië lantar lassi súrinen…

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L'Art

O Poeta lacrimeja no escuro

O Poeta lacrimeja no escuro.
Se é negro ou inseguro
Talvez seja fácil ou não precisar.
…Talvez não seja tão fácil de legislar.

Mas, que é que conta afinal
Se nas páginas da insensatez
Foram somente lágrimas que te dei?

E das lágrimas vertidas ao léu
Quisera buscar desse conceito de céu
Uma paragem onde por trás dos belos cenários
Vermes de contos já centenários

Hesitassem em querer habitar.

Mas o coração e a mente
Exorbitantemente ficcionais
Aprisionam a alma à fantasias,
Heresias, imaginais.

Tal Tolkien corrupção
Cria Valar e Ainur em desproporção
E desse coração perdido,
De sentimentos despido,

Abusa até os limites da frieza.

Mas, que é que conta afinal
Se nas lágrimas da insensatez
Foram somente páginas que te dei?

Essas páginas que me são tão caras
Que não rara vez
São como correntes rasgando a tez.

E dessas correntes sou prisioneiro
Desde tempos imemoriais.
Volta tua mente aos dias lisonjeiros
E verás estúpidos sedentos de paz.

Mas, o poder cegou o coração
Com o brilho opaco de escudos empoeirados.
Mas agora, sentimentos massacrados,
Caem esmaecentes pelo chão.

Mas que é que importa afinal
Se nas lágrimas da ingratidão
Só te dei mais um motivo
Para continuar…