Antes da tarde
A noite versejava
Buscando o teor da rima correta
Que vagueava pelas paragens do dia.
Tardia veio com seu manto
A sentar-se por sobre montes e verdes campinas
A divagar sobre sinas eternais.
Nesse dia, Tarde, que maior,
Estendeu-se às paragens do relento
E sem tempo
Viu-se indignada com a preguiça da irmã:
– Afã – disse – é uma coisa boa,
Desde que vida não se entenda com seriedade,
Mas, à toa.
– Boa – argumentou – é a leoa
Que espera o parto
Caçando o veneno dos insetos
Que perpétuos
Andarão nas garras dos seus filhos.
A noite, com a pena à mão,
Estendeu seu manto
E com o pranto
Depositou na terra
A rima tardia,
Que arredia,
Encerra o mistério do sol.