O Poeta,
Viajante do obscuro,
Não percebe ou não quer ver
Que no seu querer
Não existe o delinear poderoso
Do verso que vem
Destruir formas,
Repugnar normas
E duvidar da fé.
Ergue entre súplicas
Mares de dúvidas,
Como se fossem muros aquosos,
Pontos receosos,
De solidão.
E com o olhar fixo no espaço
Destrói-se vida, morte e um laço
Que prende a sanidade à vida.
E se lágrimas escorrem da face,
Felizes ou inquietos, profundos ou satisfeitos,
Perdidos ou desfeitos,
Rasgamos nossos planos,
Desfazemos nossas promessas,
Jogamos fora nossa moral.
E num ponto infinitesimal
Foi encerrado o sentido
Invisível aos olhos nus.
A irracionalidade ou a racionalidade não fazem jus,
Mas a busca de uma ou outra também não.