Ah Mar! Teria sido acaso?
Foi escolha e não parnáso!
Foi fundo, nunca raso!
Tag: Mar
Mares observo da praia
E ao longe vai o pensamento fortuito
Levado pelas ondas marinhas com o intuito
De seguir o meu querer que diz: “Se esvaia.”
As distâncias que separam
Do longínquo horizonte
Agora não me amparam
E baixo a cerviz, baixo a fronte.
O contemplar do mundo distante,
Bem para lá, esquecido e ocultado,
Forja o sentir do nada causticante
Eternamente por nós arquitetado.
Viaja para o longe…
Que procura olhar meu que sente
As agruras do lacrimejar?
Seriam esculturas a se contemplar?
Seriam pinturas para se apagar?
Seriam loucuras para se delirar?
Ou simplesmente pôr-do-sol
Para o qual se fica a divagar?
Ou puramente amor no atol
Esquecido pelas rocas que o destino antes ficava a usar?
Ah Parcas. Tão parcas e tão Parcas.
São só três
E os fios que cozem e torcem e rompem na nossa tez
Constituem todo o bordado
Que equaciona o aspirado
E faz enclausurado
Quando ruge no telhado
A maresia da imensidão.
De tantos horizontes
Quantos e tantos mais
Deixaremos nos estuprar aos montes
Na praia ou no cais
Buscando na paz
O que a guerra não trouxe?
Buscando no apraz
O que a terra não ouve?
Então para que destilar
Desse mar e desse horizonte
A aguardente do bar
Ou o baixar da fronte?
Reflexos – parte iii
III
Tomar um barco e navegar…
Tão vasto é o mar!
Porém só nos interessa aquele pedaço:
Em que, na proa, como se fitando o espaço,
Olhamos para baixo tentando compreender
Àquela criatura ondulante,
Àquela imagem como que enclausurada n’água,
Como que enclausurada num mundo tão distante.
Parte IV
Parte V
Parte VI
Parte VII
Parte VIII
Parte IX
Parte X
Parte XI
Partes XII e XIII (final)
Reflexos – parte ii
II
É um teatro longo
Num país distante.
A longevidade é a metáfora do tédio.
A distância é a imagem da introspecção.
E nos jogos feitos diante do reflexivo cristal
Refletimos sobre reflexos refeitos em honrarias
E memórias tardias
Que se perdem nesse mar de cristal.
Parte III
Parte IV
Parte V
Parte VI
Parte VII
Parte VIII
Parte IX
Parte X
Parte XI
Partes XII e XIII (final)
“Dá-me o timão desta nau, ó marujo,
“Dá-me o timão desta nau, ó marujo,
E veremos onde haveremos de chegar!
Eu sou um argonauta assaz obtuso
E me atiro aos monstros sem sequer olhar!
Vede que além deste horizonte,
Mais que o Sol, mortes e mortes nos esperam!
Lá uma lua de infortúnios nos será a ponte
Para os horrores de uma noite de gritos que reverberam!
Mas eu, ó marujo, só sou um argonauta!
Um homem afeito ao mar e a luta.
E como quem se entretém com musical pauta
Sigo buscando o ardor que à multidão enluta.
Pois este ardor de morte reviveria esta alma estúpida
De seu letárgico sonho de indecisões
E além neste mar busco a vida não corrupta
Que pode dar fim à todas as vacilações!
Mas tal qual nova Hidra assim vejo meu destino:
A arte de cortar cabeças de monstros eternamente
É esta que durante a vida pratico e ensino,
Buscando ruidosa e estrepitosamente
Cortar a última que enfim me libertará!
Opaco o brilhar dessas vagas, homem!
Navegar por elas é como caminhar por brumas:
Este feitiço de espumas nos encerrará!”
O homem afeito ao mar…
O porto lhe é libertação ou martírio?
A clareza do sol, cegueira ou colírio?
Meu caro, nem ele nunca há de constatar!