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Algum Ódio

Maldição II

Horas são aquelas
Em que deitada no leito
Vi teu sangue escorrer da tua boca
Senhora tão bela!

Transformastes a ti numa vilaneza singela
Que, digna de admiração,
Contém o êxtase na putrefação!

Verei dos teus dias
As noites frias
Corroerem-lhe as entranhas
Enquanto barganhas
Com os deuses pela liberdade
E em ansiedade
Ficarás a chorar!

Haverão aqueles que dirão
Que foi inglório
E os teus antigos amantes dirão:
“Injusto!”
Mas, à mim, sem susto
Virá tua derrocada
E destroçada
Hei de te contemplar!

E só então verás
Os males que, sagaz,
Perpetrastes nos caminhos,
De nós que semelhantemente sozinhos
Ficamos a vagar
E a de ti lembrar!

…Amaldiçoar!

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Considerações

Reflexos – parte vi

Parte I
Parte II
Parte III
Parte IV
Parte V

VI

Quereria ser um poeta maldito
Mas não sei se tenho tal propriedade.
Afinal, minha integridade,
Não sei se vai a tanto caro senhor.

Veja à ti:
Só vive da caridade
Daqueles que em verdade
Estão dispostos a dar-lhe sem temor.

Veja Satã:
Este é o meu louvor:
Quereria que me fosse espelho
Tua glória e teu horror.


Parte VII
Parte VIII
Parte IX
Parte X
Parte XI
Partes XII e XIII (final)

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Algum Ódio

Maldição I

Minha alma,
Agora em frangalhos,
Jaz na funda sepultura
E do amor,
Frágil escultura,
Se enregela
E se quebra!

Na sua estraçalhada queda
Se converte em pó e vai,
Volvendo ao léu,
Buscar paragens no inferno,
Pois, do eterno,
Não contém mais em si o sabor!

E o ódio dita
As formas da fúria
Que nua e bela
Se ergue e apela
Para a nossa frieza!

Exige o cuidado da vingança
E sua esperança
É ver fenecer o inimigo
(Amor perdido
Que em ódio se transforma)!

E quando tal pensamento transtorna
Pede a animalidade
E condena a humanidade
Ao mais fundo jazido!

Quando consigo
Perpetrar a injúria derradeira
Rasgo as faces com as unhas
E deixo que as horrendas moedas que cunhas
Se transformem no próprio pagamento pela tua cabeça!

Pois antes que a vida novamente te ensoberbeça
Verei a ti prostrada aos meus pés
E réles verá a ânsia morrer no vácuo…

Maldita!