As lágrimas do inverno se foram
E de longe te fazem relembrar
Elas te chamam ao claustro
E no claustro te põem a exorcizar
Demônios culminaram a encosta
Da sombra do teu coração
E se soprando ao léu se faz a memória
Esses novos ventos vêm e vão
A obra inacabada e insípida
O objetivo traçado e não cumprido
A miséria da tua máscara iníqua
No claustro te põem despido
O chicote é o sibilo no espaço
E o sangue é a poça no chão
O rio é o que marca o teu cansaço
Nas costas da tua imaginação
A ferida te obriga a continuar
Buscando sem fim uma cura
Mas longa é a caminhada
E pouco é o sangue que perdura
Teus olhos atirados ao sol
Tuas mãos plantadas na areia
O círculo se completa e com mão de ferro
Sua alma se incendeia
Expurguei os teus pecados
E te chamei pelo caminho
Mas na sombra do primaveril vale
Me deixaste sozinho
O sonho te oculta a nódoa
Mas você segue a trilha do cão
No dono procura repouso
No dono procura perdão
Teus sentimentos já são tão poucos
Que se perdem em meio ao ar
E quando a tristeza foi tamanha
Você não quis acreditar
O inverno ao longe vai
E tuas lágrimas agora são cristais
Outra estação trará um novo tempo
Um tempo novo para novos ais