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O Jardim – partes iv e v (parte final)


Parte I
Parte II
Parte III

IV

Ó flor altiva que se esgueira
Buscando os favores do sol
Será que em tua mente o pensamento beira
Das minhas ânsias e do meu rol?

Ou olhará sempre para cima, altaneira,
Em busca dos favores do sol?

E quando tua raiz busca na terra
Os prazeres dos límpidos sais
Não se apercebe dos que em dor você encerra,
Aqui no desprezo, à querer mais?

Ou sulcará eternamente a terra
Se comprazendo nos límpidos sais?

E no seu orgulho submete
Àqueles a quem não conheces, nem olhas,
E seus favores promete
Apenas à chuva que te molha.

Submetendo orgulhosamente
Àqueles que não conheces, nem olhas.

Tuas folhas assim crescem
Tão sem demora…
Enquanto outros fenecem
Na podridão que nosso ser deplora.

Enquanto tuas folhas assim crescem
Tão sem demora…

Ó tu, padecente em meio à áurea flora!
Por que não segues tua alma
E morre sem demora?

Ó eterna moradora do pútrido rol!
Daqueles que morrem em calma
Esperando os favores do sol!

Parte V

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O Jardim – parte iii


Parte I
Parte II

III

Pobre da erva daninha,
Jaz sozinha…

Seu amor é tanto
Que sufoca.
Sua intensidade é tamanha
Que provoca

A morte das flores das quais se acerca…


Parte IV

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O Jardim – parte ii


Parte I

II

Deste jardim
Somos o sonho do verme que busca na terra seu alimento.
Ele diz – “Alento!” –
E passa por entre as raízes das flores
Enquanto sabores
Contém na mente
Vazia de cores.
Por isso, labores
Coloca nas costas
Impregnada de odores.

O verme sonha com um lugar para se descansar…


Parte III
Parte IV

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O Jardim – parte i

Das contas que fiz,
Dos mares que naveguei,
Chamo de novo,
Enfadonho,
Austero,
Súplice,
Mártir,
Esse espírito arredio
De feras ferinas
Nascido em meio ao torvelinho
De heras feridas

Que se espalhavam pelo jardim em meio ao marginal obscuro enquanto doces flores cresciam e sorriam ao nascer do sol!

Injustiça!
Que ervas venenosas tenham menos direito
Que flores formosas!

Injustiça!
Que orlas receosas tenham menos alento
Que amores sob árvores frondosas!

No entanto
Se o espinho que sulca a terra
Não conhece o escarro do verme
Não é espinho!
Não conhece o mistério do sol!
E o poder das trevas!

Por isso
Que as ervas venenosas cresçam
Na escuridão
Que é o seu lar
E que as flores do campo sucumbam
Na luz sem razão
Que é o seu fadar!


Parte II
Parte III
Parte IV