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Certas mulheres O Fim

Mulher Demoníaca II

Ah Tu que fria
Te ergues assim
Diante de mim
Nua, altiva e esguia!

Tal qual serpente alucinante,
Que me hipnotiza e provoca sensações delirantes
No meu corpo,

Vai ocultando e mostrando rapidamente
Com movimentos eloquentes
Tua língua ofídica e sensual

Enquanto teus olhos répteis e demoníacos,
Fixos nos meus,
Provocam efeito que nem a ação de mil afrodisíacos
Poderiam alcançar!

Os movimentos ondulantes
Executados pelas tuas mãos deslizantes
São passes de magia que não se pode explicar!

Ah Tu que fria!
Mulher-Demônio!
Teus negros cabelos!
Tua branca pele!
Teus singelos seios!

Carregados de inocência
E convidativos à experiência
De beijá-los!

Ah… tocá-los!

Mas mulher, acima de tudo isso…
…Teus olhos!

Ao vê-los me sinto diante de forças luciféricas!
Vejo chamas em meio às formas esféricas
Das tuas pupilas,
Ó Senhora-De-Todas-As-Sensualidades!

Ah mulher!
Sexo contigo é um pacto com todo o Inferno!
É mergulhar no Estige!
É deixar o tesão queimar
De tanto gozar!

Ah mulher!
Amor contigo é uma história do Averno!
É duvidar da resposta de Édipo ao enigma da esfinge!
É deixar a alma se desintegrar
De tão etereamente flutuar!

Ah mulher!
Tuas chamas me cercam!
Teus braços me apertam
Até sufocar!

Senhora-Branca-Como-O-Gelo
Teu corpo me pede violência e zelo!
Teu sexo parece que está a me chamar!

Ah… Te penetrar é enviar o espírito
Até diante dos olhos de Hades!

Ah mulher!
Só tu sabes
Como me fazer queimar!

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Soneto

No Inferno

Douro-me brandamente deste céu
Que do vermelho agora se tingiu.
Cingiu-me a seu contento e me despiu
De forma, de alento, força e broquel!

Como desci ao absoluto fel?
Imergi-me neste avérnico rio
Que, Narciso de mim, me seduziu?
Assim parti deixando-me ao léu.

A forma já não é nada. Ela parte.
O alento já não me vem. Ele vai.
A alma já não responde. Ela arde

No abismo de sentimentos e culpas!
Onde irei habitar, eu que sem pai
Perdi-me no fragor de tantas lutas?

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Noite

Noite de garras armadas II

Uma fera ruge
E seus dentes são estrelas
Na sua boca aberta!

Uma deusa cobre
Com seu manto as centelhas
De vidas humanas que em oferta

Estendem seus braços ao Olho de Hórus:

Lua!

Inspiradora da licantropia!
Homens-lobo arreganham os dentes
Ante seu olhar benevolente

E terno!

E no Inferno

Cantam demônios canções em teu nome
Enquanto a chama consome
Alma mortal

Sob sua orientação
E redenção!

Cair aos pés da noite
De garras armadas
E rugir raivosa e alegremente
À cada um dos seus dentes!

E sentes!

Não há outro caminho
Que não seja aquele:

Sozinho!

Sai do ninho, Pássaro-Demônio,
E vai!

A noite cai
E vai
Ao teu encontro
Enquanto derrama sua saliva

De fel!

E no céu

Anjos se escondem!

Asas ensanguentadas caem ao chão
Destroçadas!
Potestades evisceradas
Sucumbem sem razão!

Tamanha, santa e bendita podridão!

Anjos fecham os olhos
Ante o auge da natureza da criação:

A noite de garras armadas
A rasgar o próprio coração!