Alfabeto apocalíptico
Usado pelas criaturas
Que forjaram para si
Um lugar na caverna
Onde pudessem conversar.
Escondido hieróglifo
Nas encostas de um esquecido mar.
Alfabeto apocalíptico
Usado pelas criaturas
Que forjaram para si
Um lugar na caverna
Onde pudessem conversar.
Escondido hieróglifo
Nas encostas de um esquecido mar.
Destruições arquitetadas
Com esmero sem fim
E por fim
Largadas
Ao vácuo
Esperando que o verme,
Que se sobrepõe à razão do caos,
Vomite os restos das frutas devoradas,
Devidamente violentadas,
Por sua fome sem fim.
Em meio as ruínas erigidas
Pelas hordas de ventos negros
Foi ocultado o mistério
De civilizações e seus segredos.
Estranhas tempestades e forças,
Entranhas dissolvidas e misturadas ao pó
No fundo de secas poças.
Histórias contadas pelas esculturas
Embelezadas pelas frágeis rupturas
De arcaicas e prediais estruturas.
Alfabeto apocalíptico
Onde se escreveu o caminhar elíptico
De populaças de sábios,
De massas de plágios,
Formadoras do império
Que sobre e sob o chão estéril
Vingou erguer-se e derrubar-se sem ajuda.
Estranho linguajar da poeira
Que viaja por entre os fragmentos
Por debaixo do escurecido firmamento
Onde se depositou outrora o altar do sacrifício
Onde todo solstício
Nascia e morria uma criança
Parida de uma mãe sem esperança
Para apascentar o Deus da Vingança.
Costume arcaico de tempos idos
Por entre os girares do Arcano 10 esquecidos!
Novo hieróglifo de decifrar impossível!
Mensagem em garrafa sem destino plausível!
História escondida no tédio e no sepultado fervor…
Deus caído de um sol cansado,
Divindade por muitos antes adorada!
Gigantes que inspiraram o erguer-se e a escalada
De um mundo tão opacamente dourado.
E agora que restou?
A fera ruge em meio às sombras!
A virgem chora em meio aos escombros!
Da dura guerra nada sobrou…
…Da tua terra nada restou!
E na prosperidade
Tu te enclausurastes
Procurando o chão do teu amor!
Amigos ósseos e cinzentos!
Ventos altaneiros, silenciosos e lamurientos!
Contam histórias perdidas na sombra
E agora que te colocastes contra
Que fará?
Estás só e eu sou teu Espírito Vingador!
Sepultei aqui teu fervor!
Destrocei mais adiante teu amor!
E agora te deixo ao desespero…
Vede que te cuidei com esmero,
Mas é triste assim agora vê-lo:
O furor da batalha te cegou!
Tua família está toda morta!
Da tua casa não há de pé nem sequer uma porta!
Tudo o que tens é este silencioso e vasto “show” de horror!
Linguagem mórbida de sonhos.
Deuses que não estão mais risonhos.
Lembranças de dias anoitecidos.
Sóis por detrás dos horizontes destes destroços aqui erguidos!
Sombra da noite de tempo flutuante!
Manto e cajado do viandante!
Sonhos pássaros inerentes à corujas
Que te encontram sem que tu fujas!
Falar obscuro de um contador de histórias oculto
Por trás de um negro capuz e de um falar inculto!
Olha suas costas e verá
As Asas do Desespero que encarará!
Abraça essa irmã e sonha!
Abraça essa companheira e apanha
Os gravetos do chão!
Florestas de formas
De um mundo passado.
Pureza oculta dos contos de fada.
Lembrança inexistente que te faz malfadado
Diante de tanta imaginação!
Para te trazer o futuro ao presente!
Para te contar de modo eloqüente!
Para te relatar a história de maneira diferente!
Para te mostrar uma piada convalescente!
É por isso que vim!
Caminhante das sombras esquecido
Em meio aos choques dos contrários despido.
A moral não me é armadura suficiente
E nem a maldade cobertor que me esquente!
Não há lar que me acalente.
Sou teu derradeiro encontro descrente
De reergueres hóspitos ao brilho
E de futuro onde se possa engendrar
Sem pesar
Um filho.
Criança esta que tu deixaste no caos!
Viajante de etéreas naus,
Teu final acusador
No dia do juízo destruidor!
Dias que noites não contam.
Vidas que histórias não espantam.
Divagar do Limbo sobre o Inferno.
Espelhar do Céu no sofrimento eterno.
Meio termo esquecido na matéria.
Ponto central de uma corda num cabo-de-guerra.
Paragem que as vertigens de Deus e do Demônio encerra.
Ponto final do descrente da paradisíaca terra.
Barriga do verme que conheceu o mundo.
Cerne do abismo profundo.
Apocalipse de todo segundo.
Querido, querido, nosso imundo
Depositado no primordial altar do sacrifício
Instituído pelo Santo Ofício.
Fim. Dilaceratus. Início.
Viverás para viver
Mas não para ver
O dia
Em que tuas derrocadas
Se acumularão nas estadas
Que fizeste no negror!
E agora com estertor
Declamarás versos furiosos
À todas as bestas do apocalipse
Durante o derradeiro eclipse
Que se joga sobre o sol!