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Algum Ódio

Tal qual inocente flor

Tal qual inocente flor
Desenhada pelas mãos de uma criança
Floresceu meu coração para o amor.

Porém, num mundo que enclausura os poetas sanguíneos,
Meu amor foi aprisionado
Tal qual flor dentro de vítrea redoma!

O domo distorce as minhas visões.
O domo rege as minhas sensações.
O domo converte minhas externas percepções.

Fui condenado à viver o amor livre…
        …De mim mesmo!

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Suave coisa, suave coisa nenhuma

O duplo assassinato de Camões e Renato Russo II

Selvagem consumia tudo pela sua frente.
Não via obstáculo, nem barreira,
Não via rio, não via gente.

Foi em desabalada matando tudo inconsequente.
Sem um oráculo era fogueira.
Desvario do imponente.

Tudo consumido dessa chaga não sobrou o que esquente.
Tíbia brasa, mera besteira,
De um amor intransigente.

-Idéia por Talita Benevenuto (Todo Pensamento do Universo“Devastado”)
-Escrito por Guto
-Pontos pós-cesária por Talita Benevenuto

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Suave coisa, suave coisa nenhuma

O duplo assassinato de Camões e Renato Russo I

O fogo que um dia cultivei
Cresceu mais que esperava.
Consumiu o ar que respirei,
Consumiu a casa onde morava.

Nada mais tinha a oferecer
A esse fogo que se alastrava,
Por isso de súbito veio a fenecer:
Seu último suspiro, apenas, brasa

-Idéia por Talita Benevenuto (Todo Pensamento do Universo“Devastado”)
-Escrito por Guto
-Pontos pós-cesária por Talita Benevenuto

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Poetrix

[Poetrix] Rebentação

Ah Mar! Teria sido acaso?
Foi escolha e não parnáso!
Foi fundo, nunca raso!

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Poetrix

[Poetrix] Banquete

Da minha carne que te dei
Bocados cerberaste no festim dos danados.
Lamba os dedos e diga: “Amei”

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Noite

Amor à Sombra da Noite

Um sorriso é tão somente um sorriso
E se a ti parecer mais,
Ó Sombra da Noite,
Vem e beija-me!

Respiro-te.
Sinto-te.
Provoco-te prazer.

E se de ausência ou proximidade
A minha presença carecer,
Ama-me!

Pois só nos extremos insensíveis
Ao toque, ao olhar tão humanos,
É que nos tornamos menos perecíveis,
Mais próximos de etéreos planos!

Na sombra forjei-me.
Na sombra cresci.
Na sombra vivi.

E se agora a tua imaculada negritude
Me parece, talvez, como alheia
À minha insana inquietude,

É que a velhice provocou
Cegueiras na mente
E o coração profundo sono tocou!

Por isso, toca-me e sente
As névoas por entre as minhas ideias.
As luzes por entre as minhas concepções.

Toca-me e ama-me, ó Sombra da Noite.
Une os nossos corações.

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Suave coisa, suave coisa nenhuma

Do teu dia tomarei apenas esta pequena noite

Do teu dia tomarei apenas esta pequena noite,
Ó doce amada,
E no seu ocaso,
A madrugada,

Derramarei esses floridos versos de purpúrea forma.

É sábio dizer que não há norma
Que faça com que o coração indômito
Adormeça enleado de estranhos sabores.

O rigor, a dureza, o cáustico manar da palavra,
Perseguem a sua alma e a acorrentam à estrada

Da contusão.

Por isso o teu sorriso nunca me será caro o bastante
E sempre na cama me voltarei para o outro lado
Buscando inutilmente algo que estanque
O sangue da ferida feita no meu costado.

A chaga, a crueza, o duro manar dos dias,
Rígidos como rochas,
Austeros como canyons,
Enviam para adiante a minha existência

Empedrada pelos pedaços de madrugadas
Que como esta roubo de mim mesmo e entrego

Ao vazio.

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Suave coisa, suave coisa nenhuma

Eu sei que de todos os dias

Eu sei que de todos os dias,
Da tua gestação foram os que o Criador mais cuidou.

Esmerar-se em ti seria o mínimo para Deuses:
Pele de seda, olhos de mel,
Corpo onde se figura toda a beleza que já se desenhou.

Eu sei que, de todas as formas,
Da tua é que um Anjo se adornou.

Adornar-se de ti seria o mínimo para Anjos:
Alma de cristal, coração de luz,
Asas que abraçam tudo que já se sonhou.

Eu sei que, de todas as pessoas,
Da tua é que meu Coração se apaixonou.

Apaixonar-se por ti seria o mínimo para Corações:
Gentil como a brisa, carinhosa como a relva,
Abrigo único e meu inestimável amor.

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Suave coisa, suave coisa nenhuma

Espero a tarde

Espero a tarde
Como se ela fosse o meu lar.
Espero a tarde
Como se não houvesse o que mais esperar.

Espero
Porque a tarde vem cheia de esperanças,
Espero
Porque a tarde tem promessa de fragrâncias.

Tarde.
Alguns dizem: antes tarde do que nunca
Mas essa tarde tarda tanto
Faz com o tempo brincadeira maluca

Tarde:
Na beira do precipício te espero
Sentado a cismar sobre todas as sinas.
Eu caminhei muito e agora farto fico aqui
A contemplar o horizonte esperando e esperando.

A espera é tudo o que me resta.
Quero seus tons vermelhos de final de festa.
Quero o céu ensangüentado sem uma única fresta

De azul onde o nada possa contemplar.
O azul do dia não me interessa
Nele não há nada que possa me amparar.

Esse é o desejo que no meu peito arde!
E não há outra coisa que o possa apaziguar!
Vai! Morram Tempo e Espaço!
Deixem de me torturar!

Quero apenas a tarde!
Porque quando esta tarde chegar
Desfazendo todo o meu embaraço
Minha amada há de descansar

    Nos meus braços…