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O Poeta

O Poeta,
Viajante do obscuro,
Não percebe ou não quer ver
Que no seu querer
Não existe o delinear poderoso
Do verso que vem
Destruir formas,
Repugnar normas
E duvidar da fé.

Ergue entre súplicas
Mares de dúvidas,
Como se fossem muros aquosos,
Pontos receosos,
De solidão.

E com o olhar fixo no espaço
Destrói-se vida, morte e um laço
Que prende a sanidade à vida.

E se lágrimas escorrem da face,
Felizes ou inquietos, profundos ou satisfeitos,
Perdidos ou desfeitos,

Rasgamos nossos planos,
Desfazemos nossas promessas,
Jogamos fora nossa moral.

E num ponto infinitesimal
Foi encerrado o sentido
Invisível aos olhos nus.

A irracionalidade ou a racionalidade não fazem jus,
Mas a busca de uma ou outra também não.

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Quero cantar

Rasgo os títulos de minha mente.
Descrevo o que meu louco coração sente
Com os ditames que ele me dá.

A calma ilusão aparente
Só descreve o contorno indecente
Do caos que aqui está.

Se cantamos sós
(E loucos somos nós)
Mais loucos são
Os que se dizem com a razão…

…E não amam!

Porque louco é o meu amar
E se parece rápido e incerto
É que muito lutamos
Para cruzar o deserto…

…Da frieza!

Quero cantar versos
Porque meu sentir dardeja a mente
Querendo rascunhar neste universo
Aquilo que abarca sempre.

Se fugaz como luzes espaciais,
Que cruzam vazios sepulcrais,
Que enterram lendas abismais,
Parece o meu correr contente,

Feche teus olhos!

Pois minha felicidade inebriante
Para os não sonhadores é desconcertante.

Se abraço o sol da loucura
E se visto a roupagem menos pura
É porque livre é o meu pensar
E louco é o meu pesar.

Não preciso descrever
Em faces abertas
Os nuances do meu ser.

Velhos amigos aqui estão.
Há muito partiram,
Mas, voltarão…

…Quando o sol tiver se posto
Por trás do teu rosto
Amada do meu coração.

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Poesia cantamos nós que vivemos…

Poesia cantamos nós
Que vivemos sós
Sob a luz do sol.

Velejamos, velejamos,
Solitários levamos
A marca do pesar.

Choramos e vivemos,
Seguimos e nunca temos
Ombro para se recostar.

E se são poucos os versos,
Se vivemos dispersos,
É porque nos falta o amar.

Os pontos que se cruzam,
As encruzilhadas que se acham,
Passam longe daqui.

E se é pouca a vida
São muitas as lágrimas da despedida
Que nos trouxeram até aqui.

E se canto só
Vendo o vento levantar o pó
Do meu caderno,

No qual plasmo frustrações,
Separados corações
E desenho o mapa do inferno…

…Do meu humano inferno…
…Cheio de contradições!
Contraditas convulsões!

Alegria e ódio.
Riso e fantasia.
Dor e realidade fria…

…Que nos cerca:

Em despedida
   Quando os pássaros,
     Já cansados,
       Juntam os traços
         Do seu pesar!

           Se é rijo o vento,
             Se grande é o tormento,
               Voam mais alto
                 Pra calar

                   A voz que clama no peito
                     O humano direito

                       De amar,
                         De calar,
                           De sonhar,
                             Viver

                               E morrer…

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O coração é da tinta a medida certa

O coração é da tinta a medida certa
Que exige a mente do poeta.

Na razão, na subconsciência,
Depositou-se a cadência,

Mas a alma de seus versos
Está na emoção.

Por isso, poeta não escreve:
Da vazão.
Por isso, poeta não descreve:
Da forma à sua visão,

Aos universos
Que carrega na imaginação.

O coração é a asa perfeita
Pela qual plana esse pássaro asceta.
Na amplidão, no céu que o seu abraço estreita
Foi-lhe atirada a seta.

Que o peito lhe penetra
E lhe aponta o solo,
Para o qual vai em resignação.

Tal qual novo Ícaro
Tomba quando perto do Sol!
E sua canção de poder mais lírico
A faz sempre quando pertence ao terrestre rol.

Olha para o alto
Com os olhos molhados!

Está tombado!
Está caído!

E sua face cai em agonia por sobre a terra!
Suas lágrimas fertilizam o solo que o mistério encerra!
Ó! Ele vive em aspiração!
Novo Tântalo em exasperação!

Leva suas mãos à face
E num esgar de nojo e sofrimento
Dá vazão à dor que nasce
Destilando sua alma do tormento.

Cerra os punhos
E com olhos fixos no nada
Brada:

“Ó! Dessa fruta celeste
Só queria o sabor!
Não! Bastava-me o odor!
Mas traz-me ao solo a gravidade terrestre!”

“Olho para aquela esfera luminosa
E deixo sua luz me transpassar!
Abro as minhas asas de forma orgulhosa
E num impulso divido os céus com as criaturas do ar!”

“Vou ao céu em busca das delícias noturnas
Que o sonho me trazia!
De firmamentos que tencionava tocar e não pude
Se acercava a minha fantasia!”

“Mas no ápice da intenção
É cera minha aspiração:
Derrete-se!
E com força volto ao local que de mim escarnece!”

E assim passa o poeta seus dias!
Suas próprias asas o atam ao solo
E como consolo:
Seu lápis e suas fantasias!

E como consolo…
…Seu coração.

O coração é a vertigem certa
Que exige a sanidade do poeta!

Na clareza, na transparência,
Foi depositada sua essência,

Mas foi na loucura
Que encontrou a resposta dos seus desatinos!

Os destinos
Lhe são claros,
E de tais lírios,
Tão raros,

Pode ver a teia intrínseca por sobre o jardim!

A vida lhe abre as portas
E assim o exorta:
“Te condeno à ver!”

E ao vulgo com carinho lhe cerra as pálpebras
Deposita-o nas sombras
Dizendo: “Adormecer.”

A vida lhe abre os segredos
E enredos
Em sua mente passa à tecer!

Mas quando quer plasmar seus mundos virtuais
A sorte lhe mostra os dentes cerberais
E fica dele à escarnecer!

O coração é o ponto certo
Que exige a morada do poeta
E quando dessas paragens chega perto

Na paz, na eloquência,
Fica ao alto,
Seus braços à estender!

Quando lhe ruge a fera,
Quando por sobre seus intuitos a morte impera,

Dá as costas,
Com a noite faz promessas e apostas

E, de assalto,
Parece se rejuvenescer!

O coração é da vida a coisa certa
Que exige o coração do poeta:

Se lhe dão menos
Odeia!
Se lhe dão mais
Ateia

Fogo nessa floresta de ilusões!

De fato tem asco de medíocres corações.

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Já me cai aos seus pés, ó musa cruenta

Já me cai aos seus pés, ó musa cruenta,
Mas mesmo assim não cospe-me na razão!
Hás de viciar-me como se vicia a um cão
No servilismo infindável em busca de comida!

Lamberei eu eternamente os teus pés
E a emitir lamúrias passarei o meu tempo?
Ah! Este velho cão está largado ao relento
E sem dono há de adonar-se.

Adonar-se é um sonho!

Sonho que sonhado em profusão
Jaz em lassidão!
Em vicissitudes se sublima o cão
E de sublimar-se transforma-se num belo pano de chão.

O chão não é o limite para os Lúciferes.
Eles caem eternamente atravessando mundos
E vão para o vácuo eterno cultivar seus títeres.

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O Poeta lacrimeja no escuro

O Poeta lacrimeja no escuro.
Se é negro ou inseguro
Talvez seja fácil ou não precisar.
…Talvez não seja tão fácil de legislar.

Mas, que é que conta afinal
Se nas páginas da insensatez
Foram somente lágrimas que te dei?

E das lágrimas vertidas ao léu
Quisera buscar desse conceito de céu
Uma paragem onde por trás dos belos cenários
Vermes de contos já centenários

Hesitassem em querer habitar.

Mas o coração e a mente
Exorbitantemente ficcionais
Aprisionam a alma à fantasias,
Heresias, imaginais.

Tal Tolkien corrupção
Cria Valar e Ainur em desproporção
E desse coração perdido,
De sentimentos despido,

Abusa até os limites da frieza.

Mas, que é que conta afinal
Se nas lágrimas da insensatez
Foram somente páginas que te dei?

Essas páginas que me são tão caras
Que não rara vez
São como correntes rasgando a tez.

E dessas correntes sou prisioneiro
Desde tempos imemoriais.
Volta tua mente aos dias lisonjeiros
E verás estúpidos sedentos de paz.

Mas, o poder cegou o coração
Com o brilho opaco de escudos empoeirados.
Mas agora, sentimentos massacrados,
Caem esmaecentes pelo chão.

Mas que é que importa afinal
Se nas lágrimas da ingratidão
Só te dei mais um motivo
Para continuar…

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AnarcoPoeticSongs: PoeticLongWayDisturb L'Art Poesias Ruins {Po(v)e(r)t[r]y}

{Po(v)e(r)t[r]y} Crítica ao poeta repetitivo (eu)

O poeta perdeu a razão…
É um demente!
Agora vislumbra o mundo
Não com olhos ardentes…

…Mas, cansados e chateados…

Quer escrever, mas…
“Escrever sobre que?
Tudo já foi dito!”
E com olhos atentos
A todo movimento
Ele vê que é preciso duvidar.

Esse adepto da engenharia havaiana
Percebe que de fato é preciso
Derrubar muros e construir pontes.

Mas, quais são esses muros?
Sobre o que colocar tais pontes?

Muito esse velho repetitivo já falou
Sobre os muros da solidão
E os rios de ânsia
Que desembocam em mares de frustração!

E lá vai o tolo:
Velhas metáforas…
Velhas palavras…
Rimas cansadas

Que insistem em renovar o seu sabor
E tirar a paciência do leitor.

E dá-lhe “amor”!
Olé!

E lá vai o tolo:
Tonto no ponto…
No ponto de cair…
…Ao ponto de dissentir…
…De si mesmo
A esmo.

E dá-lhe “peso”!
Pesar!
Buááá!

Chorar. Lacrimejar. Não mais.

E dá-lhe “ergue os braços”!
Avante!
Iluminar o semblante!
Viajante…
Intolerante!

E dá-lhe um “versificante”!
Com vitamina C
Pra ver se se vê
Ou se se pode esquecer.

E dá-lhe “conformação e cegueira”!
Tanta asneira…
Orgulhoso,
Com o orgulho feito peneira.

E dá-lhe Arístipo!

E dá-lhe Sócrates!

“Arístipo,
Pelos furos da tua veste
Vejo a luz do teu orgulho!”

E viva Sócrates:
Humilde e bem vestido,
Com o vestido no embrulho
Pra patroa deixar
Ele tomar a birita com os amigos no bar!

E viva a vida!
“Viva eu, viva tu,
Viva o rabo do tatu!”
Há! Há! Há!

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L'Art Poesias Ruins {Po(v)e(r)t[r]y}

{Po(v)e(r)t[r]y} Ao feto morto de uma poesia não escrita (um aborto)

Filho, feto da minha alma!
Te vejo agora morto nas minhas mãos!
Abortado foste por aquela que não teve forças
Para tirá-lo do coração!

Agora vendo teu semblante sem vida
Vem a mim cruel despedida
Da tua alma que agora está a vagar
Sabendo que, para o descanso, não terá lar.

Forma! Te vi gestado em meio a confusão.

Tuas partes foram má geradas
Em meio a múltiplos conflitos
De múltiplas encruzilhadas.

E agora que vens a tona,
O teu sentir disforme
E tua forma triste e sem vida
Provocam em mim a dor que consome.

E erijo para ti,
Ó alma errante,
Teu derradeiro túmulo de diamante!

O qual foi guardado aqui, no peito,
Esperando que viesse tolerante
Para depositar o teu semblante.

Toma asas,
Viajante dos ares!
Toma espaço,
Louco foragido de batizares!

Tua sombra projeta o tormento no meu ser.
Tua vida projeta morte no meu conceber.
Tua loucura é por demais arredia ao meu ver.

E agora criança-sombra
Chamo velhos pássaros:
Que voam rumo ao espaço
Ostentando na fronte seu pesar!

Voam em disparada.
Dura foi sua caminhada
E temem ao fim chegar!

Uniram o tormento,
Dispersaram o intento,
E sabem que não existe no mundo mais lugar!

Eles vêm agora, criança-sonho,
Buscar teu corpo morto e inerte
Em meio a essa poesia
Que minha alma agora verte!

Vê o por-do-sol, criança!
Eles te levarão para lá,
Onde nada se tem para ocultar.

Já chegam aqui os pássaros!
Já te tiram dos meus braços!
Já atravessam os espaços!
Sua partida já estou a contemplar…

…E a chorar…

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L'Art Poesias Ruins {Po(v)e(r)t[r]y}

{Po(v)e(r)t[r]y} Subconsciencioso versejar

Unir a imagem ao fato
É algo abstrato
No meu escrever.

Parece que a poesia me escorre pelos cantos da boca
E de forma louca
Me faz delirar.

Parecem as palavras ligadas por correntes
Umas às outras e à pedaços de sentimentos incoerentes,
E quando se joga um extremo da mesma ao mar,
Se o peso for suficiente para o resto puxar,
Tudo da alma ela vai tirar
Até o poço da imaginação esvaziar
E secar
No meio de tantas rimas terminadas em “ar”.

E nada quer ensinar!
Meu versejar
Se assemelha mais ao vomitar
Do que ao divagar:
Vomitar de rimas terminadas em “ar”.

Bem, um extremo já foi ao mar
E a corrente não vai mais se alargar
Com essas rimas terminadas em “ar”…

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L'Art Poesias Ruins {Po(v)e(r)t[r]y}

{Po(v)e(r)t[r]y} Crítica ao poeta repetitivo (eu)

O poeta perdeu a razão…
É um demente!
Agora vislumbra o mundo
Não com olhos ardentes…

…Mas, cansados e chateados…

Quer escrever, mas…
“Escrever sobre que?
Tudo já foi dito!”
E com olhos atentos
À todo movimento
Ele vê que é preciso duvidar.

Esse adepto da engenharia havaiana
Percebe que de fato é preciso
Derrubar muros e construir pontes.

Mas, quais são esses muros?
Sobre o que colocar tais pontes?

Muito esse velho repetitivo já falou
Sobre os muros da solidão
E os rios de ânsia
Que desembocam em mares de frustração!

E lá vai o tolo:
Velhas metáforas…
Velhas palavras…
Rimas cansadas

Que insistem em renovar o seu sabor
E tirar a paciência do leitor.

E dá-lhe “amor”!
Olé!

E lá vai o tolo:
Tonto no ponto…
No ponto de cair…
…Ao ponto de dissentir…
…De si mesmo
À esmo.

E dá-lhe “peso”!
Pesar!
Buááá!

Chorar. Lacrimejar. Não mais.

E dá-lhe “ergue os braços”!
Avante!
Iluminar o semblante!
Viajante…
Intolerante!

E dá-lhe um “versificante”!
Com vitamina C
Pra ver se se vê
Ou se se pode esquecer.

E dá-lhe “conformação e cegueira”!
Tanta asneira…
Orgulhoso,
Com o orgulho feito peneira.

E dá-lhe Arístipo!

E dá-lhe Sócrates!

“Arístipo,
Pelos furos da tua veste
Vejo a luz do teu orgulho!”

E viva Sócrates:
Humilde e bem vestido,
Com o vestido no embrulho
Pra patroa deixar
Ele tomar a birita com os amigos no bar!

E viva a vida!
“Viva eu, viva tu,
Viva o rabo do tatu!”
Há! Há! Há!