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Interlúdio

Nossos olhos jogados ao espaço

Nossos olhos jogados ao espaço
E nossa mente dada aos pássaros,
Assim abraçamos chegando das trevas
À terna luz que nos cega.

E quantas vezes não olvidamos nossa caínica marca
E nem damos ouvidos à mítica Parca
Que nos ensina nos desatares dos fios
Onde nascem e para onde nos levam os nossos rios.

E então brincando de humanidade
Sorrimos à nossa simplicidade
De sob o sol se esgueirar
E nas nuvens formas perpetrar.

E talvez à nenhum outro como à nós,
Filhos de Cain,
Causa tanto prazer essa suave voz
Que enleia a raça dos justos tão sem fim,

Pois sabemos que aos instantes de suave respiração
Segue a dormência dos prazeres
E o iniciar do batalhar e da destruição
Ambos ornados de poderes.

Pois enfim nossa vida cede,
Pois além de toda vitória se perde,
A razão de tantos afazeres…

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Interlúdio

“Dá-me o timão desta nau, ó marujo,

“Dá-me o timão desta nau, ó marujo,
E veremos onde haveremos de chegar!
Eu sou um argonauta assaz obtuso
E me atiro aos monstros sem sequer olhar!

Vede que além deste horizonte,
Mais que o Sol, mortes e mortes nos esperam!
Lá uma lua de infortúnios nos será a ponte
Para os horrores de uma noite de gritos que reverberam!

Mas eu, ó marujo, só sou um argonauta!
Um homem afeito ao mar e a luta.
E como quem se entretém com musical pauta
Sigo buscando o ardor que à multidão enluta.

Pois este ardor de morte reviveria esta alma estúpida
De seu letárgico sonho de indecisões
E além neste mar busco a vida não corrupta
Que pode dar fim à todas as vacilações!

Mas tal qual nova Hidra assim vejo meu destino:
A arte de cortar cabeças de monstros eternamente
É esta que durante a vida pratico e ensino,
Buscando ruidosa e estrepitosamente

Cortar a última que enfim me libertará!

Opaco o brilhar dessas vagas, homem!
Navegar por elas é como caminhar por brumas:
Este feitiço de espumas nos encerrará!”

O homem afeito ao mar…
O porto lhe é libertação ou martírio?
A clareza do sol, cegueira ou colírio?
Meu caro, nem ele nunca há de constatar!

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Interlúdio Poesias Ruins {Po(v)e(r)t[r]y}

{Po(v)e(r)t[r]y} Maia

É, as coisas são mesmo assim,
Incógnitas dilacerantes,
Preocupações sem sentido
E idéias desconcertantes.

Tanto desejo temos,
Tanto fizemos
E nos dizem: “É Maia! Ilusão!”
E mais ilusão me parece essa crença sem razão.

A vida não tem sentido?!
E daí?
A morte também não
E nem por isso cedi!

Estamos aqui e perguntamos:
“Por que?”
Mas não sabemos nem se existe um “lá”
Para procurar.

Vamos viajar?
Sair por aí?
Procuramos sentido e esse não há!
Vamos curtir!

Perdi o tesão de escrever
E você também já deve ter perdido o de ler.

Acabou!!!

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Interlúdio Poesias Ruins {Po(v)e(r)t[r]y} Teen Drama

{Po(v)e(r)t[r]y} Mundos de tinta

Como posso eu viver
Em tantos mundos imaginativos,
Entre os espaços criativos
Da minha mente salva da loucura

Pela loucura?

Abro os meus olhos
E ao meu redor
Vejo paragens
Dos livros cujas histórias sei decor!

Ciganas,

Mulheres ternas e doces,
Mulheres ternas e demoníacas,
Crianças de minha ânima provindas,
Verdades elípticas
De passados caídos!

Ó minha infância extraviada!
Minha adolescência enclausurada!
Minha juventude conturbada!

Rios de solidão descritos
Pelos meus versos proscritos,
Cheios de fantasia.
Espelhos negros de minha vida vazia!

Sonhos tão belos!
Delírios tão caros
De lírios tão raros
Nesses jardins!

E eu, que aqui vim,
Me pergunto agora
Pela demora
Pelo encontro com o sentido!

Pelo dia em que despido
Deixarei de dissertações!

E despido,
O fulgor perdido,
Ideal esquecido…
…Não!
Lembrado sempre!

Porém incompreendido
Pelas minhas atuais sensações!

Vida sem forma!
Vida sem norma
Para adaptações!

Ai! Cansado!
Malfadado
Largo a caneta,
Esse punhal!
Que dia à dia faço penetrar meu coração!

Meu sangue é azul!
Negro!
Vermelho!
Verde!
Multicor!
Quatro-cores!
Dores!
Odores!
Amores!
Sangram e sujam minha mão!

Ah! O sangue faz tanta pressão…

…Se não jorra um pouco
Parece que tudo vai arrebentar.

E não há como calar!

Não há como fechar
Essa ferida aberta no peito
Que clama o humano direito

De sonhar,
  De calar,
    De amar,
      Viver
        E morrer…

          …De esquecer…

…Tudo quanto escrevi
E tudo quanto senti!

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Interlúdio Poesias Ruins {Po(v)e(r)t[r]y} Teen Drama

{Po(v)e(r)t[r]y} O Anel da Vingança

O círculo se completa.

Mas a incapacidade de colocar
O Anel da Vingança no dedo
Me faz acordar todas as noites assustado
E cedo
Me sinto forçado
À bradar aos ares minha dor!

Colocar tal anel é necessário,
Porém a reclusão nas aparências me tortura
E escura
Vem a noite sobre meus pensamentos!

São decisões de momento,
Só que meu intento
É bem outro!

E não quero perseguir enteados queridos,
Nem fantasmas esquecidos
Que querem ser carregados até o infinito!

Hoje é um dia
Em que a monotonia
Está longe
E finge aqui estar!

Pois o hoje é um canto
Onde o espanto
Não vai passar!

Pois tais sentimentos são bem conhecidos:
Um coração vendido à naufragar!

E Sombra!!!

Te vi sentada por sobre o muro
E enquanto dialogávamos,
Te juro!

Não era nada disso que queria!

E Sombra!!!

Não era assim que aconteceria!

Vivificai,
Ó Forma,
Nas trevas
E quebres
Minha razão!

O coração fala alto
Mas de assalto
Corrompeu-se sem motivação!

Forma!
Eu te vi gestada no firmamento!

És aquela estrela adorável
Com a qual meus olhares sempre cruzavam…
E sonhos gestei por este astro imensurável!

Carreguei-te por nove meses!
O tempo de uma vida.
E a despedida do feto de do útero
Se aproxima!

Circunsclaro vejo
Que desejo
É bom demais

Mas nos anais
Se viu relatado
O fato

Dele não se realizar sem sangue!

“Como é que se diz: Eu te amo?”
É um pacto com o demônio:
Sangue, promessas, frustração.

No rádio uma legião
Fala de coisas que há muito esqueci
E que, talvez,
Jamais senti!

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Interlúdio Poesias Ruins {Po(v)e(r)t[r]y}

{Po(v)e(r)t[r]y} Cansado de atravessar os mares da insanidade

Cansado de atravessar os mares da insanidade
Levanto meus braços ao alto
Em concentrada fúria
E vejo através dos meus olhos sanguíneos
Horríveis e divinos desígnios
Agindo sobre a minha mente.

Quem os criou?!
Não sei!
Quem os incutiu naquilo que sou?!
Faço leve idéia!

Mas circulam as formas ao meu redor
Enquanto perdido em meio à essas esferas insanas
Vou percorrendo os limites do nada
Buscando pelo vácuo
Um sentido ao qual valha ater-se.

Mas, de que adianta
Ater-se à suposições?
Tudo isso nada mais é
Do que uma âncora de ilusões

Para os nossos corações!

Prender-se ao nada para não morrer louco
Ao invés de navegar!
Assim nossa vida parece que vai
De fato naufragar

Nesse mar de súplicas!

Onde pedimos e nos pedem!
Onde oramos e nos embebem
De respostas mal forjadas!

Falsa forja!
Pré-concebida!
Preconceito!

E qual o nosso direito
De moldar a ordem com o caos?

Não é mais fácil
Seguir rios de protoplasma?
Mas, quando a mente isto cogita
Pasma

Diante de tanta indagação!
Indignada indagação!
Indignação!

Com o caos!
Ordem, vida e bactéria!
Na miséria!
Na fome!
Na sujeira!

Mas, de que adianta indignar-se
Se o rio de lôdo segue seu curso
Porque no mundo o que há é só um belo discurso

Instigando sensações!

E assim seguimos nessas convulsões!
Nesse êxtase repentino!
Nesse orgasmo precoce assexuado!

Pois assim o nosso sentir está enclausurado
Numa cascata de perturbações.

A vida é um gelo inerte
Num mar putrefato de mediocridade!
A vida (essa insana falsidade)
Nos rouba da terra e nos entrega ao verme.

Nos rouba da paz
E nos joga no cerne

Da loucura…

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Interlúdio Poesias Ruins {Po(v)e(r)t[r]y}

{Po(v)e(r)t[r]y} À Procura da Alma

Andando pela terra
Com a mente viajando em céus
E o coração rasgando diferentes véus

Sigo.

Quis aqui edificar
O meu sonhar,
Numa busca sem fim que ele em si encerra.

Buscando os pedaços de mim
Perdidos neste mundo de formas sem fim
Caminho.

Enclausurado em tantos falsos ares.
Sonhando nostalgicamente com já visitados altares
Nos quais nunca estive sozinho.

Hoje, magicamente, ergo um pouco mais a fronte,
Contemplo o horizonte
E vejo o que há entre o centro e os extremos do meu ser:
Coisas que nunca cheguei a saber.

Não as via
E por isso acreditava que não existiam.
E duvidava
Porque assim meus pensares me restringiam.

Destruo a esfera do meu mundo
E vou voando em busca da minha alma!
Sou uma ave que saiu do ovo
E quer construir seu próprio ninho!

Voo em busca da minha alma!
Essa amante desesperada,
Que chora dia e noite,
Esperando pela minha chegada!

Vou em busca da minha alma
E quero deixar de lado as ambivalências!
Segui o bem e segui o mal!
Segui à ambos e não houveram consequências!

Quero deixar de lado os extremos:

O desejo de purificar
E o desejo de corromper!
Agora, é seguir o coração
E deixar toda regra fenecer!

Voo em busca da minha alma
Como o sedento em meio ao deserto.
Como quem sabe que seu objetivo é certo,
Porém, sempre tentou contorná-lo com calma.

E não quero mais a calma!

Tudo que quero é ver
O anseio divino ferver,
A mim, de novo, possuir
E minha trilha poder seguir!

Vou em busca da minha alma
Como quem buscou o poder!
Como quem buscou o vencer!
E agora vê que só a si quis ter!

Vou em busca da minha alma
Como quem quer as rédeas do seu destino!
Como quem quer seguir um desatino
De um sentimento que destrói a razão!

Vou em busca da minha alma
Como quem quis reformar o mundo,
Quis reformar à si mesmo,
Nada mais quis reformar
E viu que sempre andou à esmo!

Vou em busca da minha alma
Porque só quero poder abraçá-la de novo,
Poder deitar minha cabeça no seu ombro
E chorar tudo o que me obstrói o sono.

Vou em busca da minha alma
Porque no caminho da vida
Tudo que achei, comigo levei,
Mas, foi só esta alma
Que no caminho morrendo deixei…
…Que no caminho morrendo deixei…

Estou à procura da alma!

E por querer procurá-la
Já a toco!

Por querer tocá-la
Já a beijo!

E por beijá-la
Já vejo

Que entre tantas procuras
Esta sempre foi a do meu desejo!

E olhando todas as filosofias,
Todas as lutas travadas,

Vendo o sofrimento e a carência de sentido
De todas essas estradas,

Agora sim posso dizer,
Que de tantas caminhadas,

Foi buscando minha alma
Que todas quis empreender!

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Interlúdio Poesias Ruins {Po(v)e(r)t[r]y} Teen Drama

{Po(v)e(r)t[r]y} Quem sou eu?

Quem sou eu
Que intento tanto?
Que busco tanto
Pra fazer calar?

Quem sou eu
Que escrevo sempre
Querendo nos versos buscar
Os sentimentos que meu coração não sente?

Quem sou eu
Que busco sentido?
Que de moral procuro estar despido
Para menos regras me enclausurar?

Busquei na decência
E não encontrei.
Me entreguei à decadência
E dai?

Só vi o Caos na Ordem.
A Ordem no Caos.
E no fim tudo me pareceu
Uma infinita desordem!

Regras?
Quem as ditou?
Algum outro humano
Que sentido na vida também não encontrou.

Nossos falsos líderes
Também choram.
E os religiosos quando oram
Também questionam se é sano o seu Deus.

Pessoas respeitáveis?
Qual a diferença
Do casto e do lascivo?
Um se crê correto
Seguindo princípios
Que nem sabe de onde vieram
E o outro segue instintos
Que se lhe deram.

Qual a diferença
Do virtuoso e do viciado?
Um infeliz na virtude aprisionado,
O outro, feliz no vício, se crê enclausurado.

Qual a razão
Do que pregas?
Qual o Amor
Se este lhe deixa as cegas?

Mentiras e verdades.
Rótulos e títulos.
Se ninguém os tivesse dito
Onde estariam tais insanidades?

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Interlúdio Poesias Ruins {Po(v)e(r)t[r]y} Teen Drama

{Po(v)e(r)t[r]y} Círculos

Frustração constrói ideal
Frustração destrói ideal
Solidão ressuscita ideal
Necessidade mata ideal
Revolta o traz do caos
Imposição o devolve ao limbo
Ódio lhe dá vida
Derrota já causa nova despedida.
Inquietude lhe diz olá
Realidade já dá o adeus
Frustração constrói ideal…

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Interlúdio Poesias Ruins {Po(v)e(r)t[r]y}

{Po(v)e(r)t[r]y} Paranóia

Quanto sofrer impõe
Ao pobre mortal
As paredes dilacerantes
Desta prisão sepulcral.

Aqui aprisionado no fundo da mente
Estou eu dentro de um preconceito mal digerido,
Que passando sorrateiramente pelo consciente
Se tornou meu pior inimigo.

Ah! Essa barreira intransponível!
Essa fissura soberba e incansável
Que diz sim mesmo quando a razão diz não!
Esse claustro sem vida e insuportável!

A imaginar o inimaginável
Fico zombando do real.
“Paranóia! Paranóia!” – Grito
Do fundo da minha prisão abismal.

E esmurro a parede
E ela sussura para mim
O som de meu próprio murro.

Falo com o vácuo
E no entanto, aqui,
Tudo é obscuro.

Qual a razão
De tanta insensatez?
Meu cérebro às vezes se apossa
De estranha liqüidez.

A perturbar e murmurar
Como ondas cansadas
Ou ecos de despedidas
De perturbações de onténs caídos.

Tudo é apenas uma junção
De pensamentos não cooperativos.
Não existe moral na ilusão
Que nos impõe a mente e os sentidos.

Tudo paranóia enclausurativa.
Não existe sentido para nossos pensares,
No entanto, ficam eles à nos importurnar
Vomitando velhos ecos de altares.