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Eu sei que vou tirar

Hoje preocupado com o fato de que o Vinícius de Moraes não levou em consideração nos seus escritos a educação sexual, fiz essa versão educativa:

Eu sei que vou tirar
No coitus interruptus eu vou tirar
A qualquer remexida vou tirar
Desesperadamente
Eu sei que vou tirar

E cada gesto meu será pra te dizer
Que eu sei que vou tirar
A qualquer súbita mexida

Eu sei que vou gozar
É uma questão de tempo mas eu vou gozar
E cada curva tua há de levar
Ao que essa imprudência me causou

Eu sei que melhor era ter
Uma boa camisinha pra te comer
Sem aquela de tirar do interior teu
A qualquer súbita mexida

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O Trem a Vapor

*Singela paródia da música “A Banda” de Chico Buarque

Tava com nhaca da vida
E o meu amor me chamou
Pra gente ir se matar
No trilho do trem a vapor

Da minha vida sofrida
Despedi-me com ardor
Me deixando esmagar
Pela locomotiva a vapor

O homem sério que contava dinheiro parou
O faroleiro que contava vantagem parou
A namorada que contava as estrelas parou
Para ver, ouvir e dar passagem

A moça triste que vivia calada sorriu
A rosa triste que vivia fechada se abriu
E a meninada toda se assanhou
Pra ver a carniçada voar
Do trilho do trem a vapor

Tava com nhaca da vida
E o meu amor me chamou
Pra gente ir se matar
No trilho do trem a vapor

Da minha vida sofrida
Despedi-me com ardor
Me deixando esmagar
Pela locomotiva a vapor

O velho fraco se esqueceu do cansaço e pensou
Que ainda era moço pra sair no terraço e dançou
A moça feia debruçou na janela
Pensando que merda toda era aquela

A viscerada se espalhou na avenida e insistiu
A lua cheia que vivia escondida surgiu
Minha cidade toda se enfeitou
Com as entranhas espalhadas pelo trem a vapor

Mas para meu desencanto
O que era doce acabou
Limparam todo lugar
Depois que o trem passou

E cada qual no seu canto
Em cada canto uma dor
Só ficou meu sangue a pintar
O trilho do trem a vapor
Só ficou meu sangue a pintar
O trilho do trem a vapor…

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A Piada Mortal

Eis que haviam no início
Doze deuses imortais,
O nome deles não interessa
E dizê-lo não me apraz.

Tudo era perfeito.
Tudo era direito.
Nada de política, nem hierarquia:
Isso sim que era alegria.

Não havia universo,
Planetas ou civilização,
Como já disse nesses versos
Só haviam os doze deuses e total aquietação.

Não havia fervor, nem tristeza,
Nem bem, nem mal.
Nesse mundo, onde tudo era certeza,
Corria tudo muito normal.

Todo dia se reuniam
Os doze deuses a discutir
Mas como assunto não havia
Tentavam todos dormir,

Porém como eram deuses
E isso não podiam
Percebia-se que daquele tédio
Todos já se enchiam.

Mas eis que um dos deuses
Teve ideia espetacular,
Só que ocultou-a de seus companheiros
Para que como surpresa a preparar.

Decidiu arquitetar
Piada sem par.
Uma piada única e fantástica
Que a todos, por muito tempo, iria alegrar.

Pensou em se vestir de palhaço,
Em simular uma doença esquecida,
Outras mil brincadeiras idiotas. Por fim decidiu:
“Por que não? Criarei vida!”

Então se foi o deus
Vida a criar.
Criou constelações, planetas
E universos a vagar.

Dirigiu-se então a um planeta,
Árido e pequeno como ele só
E rindo disse o deus:
“Dessa merda criarei vida do pó!”

“Fonte de diversão será
Para toda a eternidade!
Nesse mundo imbecil
Criarei a humanidade!”

Então disse o deus:
“Faça-se a luz, forte a iluminar!
Afinal, se nós deuses não podemos dormir,
Os idiotas humanos terão que todos os dias acordar.”

E assim havia se concluído
O primeiro dia da criação.
O deus não perdendo tempo
Criou o segundo mais rápido que um trovão:

“Façam-se as nuvens de chuva e os mares!
A chuva irá molhá-los, resfriá-los, incomodá-los.
Quanto aos mares,
Para o nosso deleite, afogá-los.”

E assim mais um dia se passava,
O deus rindo como um demente
A piada continuava
Com seu humor negro e doente.

Então ordenou que a terra dos mares se elevasse,
Assim podendo criar plantas e animais:
“Afinal eles tem que viver muito
Pois devem ser motivo de risos sem outros iguais!”

“Devem viver muito tempo,
Esses seres atrasados.
Afinal, de tão burros,
Vão destruir a si mesmos os retardados.”

“Pelo menos comida
Vou lhes dar de sobra
Para que não se destrua tão rápido
A minha tão engraçada obra!”

Então o terceiro dia se acabava
Indo logo para o quarto,
Em toda a sua alegria
Sua imaginação fazia o parto.

No quarto dia como sol,
Estrelas e lua, já havia criado,
Passou esse dia
Pensando no que iria fazer no sábado.

No quinto dia peixes e aves criou
Simplesmente para saciar a fome,
Mas os peixes fedem pra burro
E os pássaros cagam na cabeça do homem.

Já no sexto dia
Estava de saco cheio.
Criou os animais e pensou:
“É chegado o momento que tanto anseio!”

“Tenho que fazer o homem
Mas o que irei usar?”
Então pegou um pouco de lodo
E pôs-se a trabalhar.

Dando ao homem a mesma forma de um deus
Para que pense que é grandioso,
Mas, no fundo, no fundo,
Não passa de um monte de barro pastoso.

Deu vida ao seu boneco
E este começou a andar.
Andava com duas patas
Para que mais facilmente pudesse tropeçar.

Depois de criado
Faltava o essencial:
Uma mente putrefata
Para fazer idiotices sem igual.

Já não aguentando mais ver
Coisa tão bestial
O deus foi embora
Para relatar aos outros seu feito fenomenal.

Os doze deuses observaram aquilo.
Rolaram pelo chão.
Estremeceu todo o universo
Perante àquela gozação.

Pensaram então em que nome dar ao humano.
Um disse: “Que tal Adão?”
Indagaram os demais: “Por que?”
“Porque não sei, mas é um nome feio como o cão!”

Todos então riram
E passaram a observar a criação.
Quase todos caíram
Ao verem, fazendo cooper, Adão.

Este então tropeçando
Com força foi ao chão.
Quebrou a costela e disse um deus:
“Já começou a confusão!”

O deus que o criou
Logo o auxiliou,
Retirando a costela quebrada
E Adão logo se reabilitou.

Vendo a costela apodrecer
Pensou o deus: “Que desperdício!”
Criou da costela a mulher
E uma estranha relação teve início.

Logo os deuses se colocaram a divagar
Que nome dar a mulher então.
Um disse: “Eva!”. Indagaram: “Por que?”
“Porque é tão feio quanto Adão!”

Dessa relação tão cruel
(Quem poderia adivinhar?)
Iria surgir toda a humanidade,
Raça idiota, motivo dos deuses o gargalhar.

Só podemos concluir
Após todo esse horror
Que deus era um cara
Com muito senso de humor!

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A Tampa

Onde está a tampa?
A tampa que aqui estava
Não era uma tampa qualquer
Era a tampa que tampava.

Não era Tampax
Nem cidade da Flórida.
Não era chique
Não era módica

Era simplesmente a tampa!
A tampa que eu precisava
Era a única de sua espécie
Que este recepiente lacrava.

Nada na pia, nem na mesa…
Na sala? Hum… Eu acho…
Nada! Ah! Essa minha cabeça!
No banheiro? Sequer um traço.

Ei São Longuinho!
Se ver me dá um toque!
Não era tupperware era só
A tampa de um Ziploc!

Ai caraca… Tava em cima do microondas…

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AnarcoPoeticSongs: PoeticLongWayDisturb Inépcia Visual

A Fuga

Há algum tempo atrás comentei com a minha amiga Milena Pacheco que lá por volta de 1990 fazíamos um Fanzine Anarquista. Ela disse que não acreditava que tal coisa tenha existido em Limeira, quanto mais naquela época. O fato é, que além dele ter existido, ele foi o segundo.

O “Pus”, como o chamávamos, foi o sucessor do “Vox HC”. Felizmente, meu amigo Luis Simões, guardou uma única página dessa preciosidade devido ao fato de que lá havia uma poesia minha. Então para registrar esse momento histórico de nossa Limeira/SP segue o scan do que remanesceu do “Pus”.

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Página 1
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Página 2

O texto da poesia segue aqui

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Quando chego em casa fatigado

Quando chego em casa fatigado
Do meu trabalho assalariado
E olho para o espaço
Sem medir distância ou marcar compasso

Para não perder a hora do Xou da Xuxa:
“Bruxa! Bruxa! Bruxa!” – gritam as crianças la fora,

Enquanto na ponta de uma estaca
A cabeça de uma loira matraca
É levada por essas doces criaturas.
E a cabeça canta com doçura:

“Todo mundo tá feliz!
Todo mundo tá feliz!
Com o dedo no nariz!”

Orfeu sentiria vergonha e exasperação
Se alguém lhe fizesse comparação:

Viva a revolução!

Olho para a televisão
E a estática me dá as notícias do dia.

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AnarcoPoeticSongs: PoeticLongWayDisturb

Pensando na privada

Não é absurdo?
Só que o pensamento me agrada.
O de pensar enquanto se caga.

E os raciocínios correm livres
E facilmente acho o correto,
Enquanto, sem pressa,
As fezes mergulham do meu reto.

E a divagar sobre os aconteceres da vida
Com um cotovelo apoiado no joelho,
A mão segurando minha cabeça erguida
E com a outra coçando meus pentelhos.

Que sossegada visão é a de ler no banheiro.
Calmamente viajando na leitura
Enquanto a merda forma flutuante escultura.

Então, acaba a diversão.
A matéria acabou,
O metabolismo cumpriu sua função
E a correria da vida já voltou.

Mas sempre é reconfortante saber
Que logo chegará a hora de no banheiro se ler.

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AnarcoPoeticSongs: PoeticLongWayDisturb L'Art Poesias Ruins {Po(v)e(r)t[r]y}

{Po(v)e(r)t[r]y} Crítica ao poeta repetitivo (eu)

O poeta perdeu a razão…
É um demente!
Agora vislumbra o mundo
Não com olhos ardentes…

…Mas, cansados e chateados…

Quer escrever, mas…
“Escrever sobre que?
Tudo já foi dito!”
E com olhos atentos
A todo movimento
Ele vê que é preciso duvidar.

Esse adepto da engenharia havaiana
Percebe que de fato é preciso
Derrubar muros e construir pontes.

Mas, quais são esses muros?
Sobre o que colocar tais pontes?

Muito esse velho repetitivo já falou
Sobre os muros da solidão
E os rios de ânsia
Que desembocam em mares de frustração!

E lá vai o tolo:
Velhas metáforas…
Velhas palavras…
Rimas cansadas

Que insistem em renovar o seu sabor
E tirar a paciência do leitor.

E dá-lhe “amor”!
Olé!

E lá vai o tolo:
Tonto no ponto…
No ponto de cair…
…Ao ponto de dissentir…
…De si mesmo
A esmo.

E dá-lhe “peso”!
Pesar!
Buááá!

Chorar. Lacrimejar. Não mais.

E dá-lhe “ergue os braços”!
Avante!
Iluminar o semblante!
Viajante…
Intolerante!

E dá-lhe um “versificante”!
Com vitamina C
Pra ver se se vê
Ou se se pode esquecer.

E dá-lhe “conformação e cegueira”!
Tanta asneira…
Orgulhoso,
Com o orgulho feito peneira.

E dá-lhe Arístipo!

E dá-lhe Sócrates!

“Arístipo,
Pelos furos da tua veste
Vejo a luz do teu orgulho!”

E viva Sócrates:
Humilde e bem vestido,
Com o vestido no embrulho
Pra patroa deixar
Ele tomar a birita com os amigos no bar!

E viva a vida!
“Viva eu, viva tu,
Viva o rabo do tatu!”
Há! Há! Há!

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AnarcoPoeticSongs: PoeticLongWayDisturb Poesias Ruins {Po(v)e(r)t[r]y}

{Po(v)e(r)t[r]y} AnarcoPoeticSong:PoeticLongWayDisturb

Toma pinga preta,
Velho gozador!
Toma tua água benta,
Velho cantador!

Chega!

“Dias e noites frias” não!
Chega de “solidão”!
Chega de “luta entre o bem e o mal”!
Chega de “forma abismal”!
Chega de “alma do mal”!
Chega de “lenda ideal”!
Chega de “sentir sepulcral”!
Chega de “sonhar”!
Chega de “cantar”!
Chega de “Hessear”!

Afinal, o verso tem que acabar
Já ou daqui um ano!

Puta-que-o-pariu!
Viva o nosso Brasil!
Viva o humanizar!
Ah! Mania de cantar!

Eu quero é escrever escrachadamente!
Pornograficamente!
Pornochanchadamente!

"Orgia"?! Que nada! É "suruba"!
"Coito"?! Que nada! É "fodeção"!

Dissecação!
Putrefação!
Corrosão!
Diversão!

Ilógica! Loucura! Vida! Morte!

Ha! Ha! Ha!

Palavras ao nada!
Culpas marcadas!
Bendita humanidade!
Viva o “filho da puta!”!
Bendito e agraciado seja, ó gritar de “Viado!”!
Morfético!
Lazarento!
“Excremento”?!
Não! “Merda”! É “bosta”!

B! O! S! T! A!
Bosta!

Fedorenta e quase líquida.
Incolor.
Inodora.
Insípida.
Quase água
Pura e cristalina
Dentro da latrina
Que é a mente!

Essa velha… “incoerente”?!
Não! Gagá mesmo!
É uma big duma privada
Totalmente depravada!

“E antes do dia terminar
As águas vão rolar
Quando eu a descarga puxar!”

Assim canta o homem do seu trono,
Do qual domina no seu mundo
Enquanto ouve, lá no fundo,
A merda saltar!

E viva o tamanho escrachar!
Trabalhar! Batalhar! Armar!
Gozar!

E ergue uma parede de sonhos!
Um obelisco de ideais!

Big!
Pig!

Porco
No Orco
Conversando com Dante!

Avante meu Brasil!
Avante esfera terrestre!

Produzir! Trabalhar!
Comer! Cagar! Procriar!

Vá pra casa homem!
A patroa fez tua janta
E tá morrendo de tesão!
Normalmente tu come a janta
E a patroa dorme!

E viva o tédio matrimonial!
Viva o matrimônio! Lenda ideal!
Viva o matrimônio perfeito:

Ele é o estômago da família achando que é o cérebro!
Ela é o cérebro da família achando que é o estômago!

Só que ninguém achou o coração!

Viva o matrimônio!
Essa inversão de papéis!
Essa subjugar de réis!
Essa desculpa pra bordéis!

Acorda homem! Vai trabalhar vagabundo!
Você poderia possuir o mundo
Se não ganhasse salário mínimo
E se, no mínimo, você se importasse!

Vai trabalhar vagabundo!
Vai trabalhar infeliz!

Afinal, seu filho quer um vídeo-game!
E não adianta vir com ar de quem teime,
Pois o que ele quer é o vídeo-game!

Ler pra quê?
Viver pra quê?
Sonhar pra quê?

Na televisão tem aventura
Pra que se importar com a loucura
De ter ou não tesão?
E dá-lhe frustração!

Dá-lhe alma, televisão!
Dê-lhes alma, novela!
Dê-lhes fantasia, Globo!

É melhor do que L.S.D.!
É melhor do que S.B.T.!
Viva a T.V.!

E antes que eu me esqueça
(E essa poesia mais cresça)
Vão todos tomar no cú!

Obrigado.
Amém!
Libertas quae sera tamem.