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Interlúdio

Quando tudo temos

Quando tudo temos
(Ou pelo menos coisas as quais apetecemos)
Sorrimos às luzes do meio dia
Dando feliz cantar ao sol.

Nesse tempo negamos a marca que nos fere a destra
E deixamos que, funesta,
A felicidade nos corrompa a harmonia
De nossa negra alma presa ao seu negro anzol.

Por tanto, de Lúciferes enraivecidos,
Passamos à ternos deuses esmaecidos
Na ânsia da orgia
E na beleza do atol.

Mas de quantas monotonias
Forja seu dia à dia
Ó Cíclope acorrentado à forja?

Tão voraz é a corja
Que se olhas esquerdo
Já se incita na mente o medo?

Ou a corrente é por demais bela
Que não vale a quirela
De ser maldito?

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Poetrix

[Poetrix] Banquete

Da minha carne que te dei
Bocados cerberaste no festim dos danados.
Lamba os dedos e diga: “Amei”

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Interlúdio

O cancro na estrada

Eu sou um demônio antigo
Cuja idade não se conta
Com os dedos da mão.

Eu sou um alento perdido
Nos esgares da tosse
Provocada pelo toque da tua mão.

Ah! Desse deus louco quero distância!
Ainda que, minha vigilância,
Falhe à noite
E caia nas desgraças.

E que desgraças
São essas tão poucas
Que roucas, ou loucas, ou noutras,
Se levantam levantando dúvidas
E nos arrastam impúdicas
Pelas linhas de tua mão?

E se mão fosse parâmetro do destino
Que desatino não pode cometer a mente humana
Que cigana das formas vagueia por entre os menestréis do sonho?

Vagueia no enfado das estradas
E espia em paredes esburacadas à busca de corpos nus.

Tanto pus, meu deus, tanto pus!
E que juz
Faz essa ferida,
Esse cancro no nada,
À estrada na qual foi depositada?

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Poetrix

[Poetrix] Estava podre

Do deleite repetido e compulsivo
Ficou na boca apenas o amargo.
Amêndoa estragada.

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Interlúdio

Na reclusão das formas

Na reclusão das formas
Posso ver através do meu olho vítreo
-Essa cúpula de fantasias e promessas de normas-
Um viajar derradeiro e único.

A decomposição dos heroísmos forjados
Na sombra do passado
No jogar de dados
Pelas mãos de uma criança

Que olhava para o universo
E su’alma se abria em identidade
Ao tamanho, à estranheza, à majestade
Desse manto noturno lúgubre e perverso

Que ostenta em si
A calmaria vigilante do aspirar dos deuses.
Porém, aqui,
Observamos que, às vezes,

Nada disso tem importância
E em outras faz o alarde
Da chama que em mim arde,
Nos infernos que forjei nos olhos obscuros da minha infância.

Aqui, apenas a final miscigenação
Ante a glória da putrefação
Do caminhar do humano jogado ao vácuo.
Tudo isso nos é nato.

Apenas vivenciei
   Dos dias
     Em que cadeiras foram colocadas nas mesas
       A dor das presas

Do coração!

Tal qual trevosa fera
Impera na destruição!

Agora
   Só rolam dos espaços
     Os abraços
       Que empreendi

Mas, aqui!

A calma é obscura!
Continuar? É loucura!
Parar? É insensatez!

Então, me jogo de vez!
O abismo está lá!
Naquele lugar
No qual nos recusamos olhar!

E falar
   É tão caro
     Que não raro
       Fico à desdenhar!

Desse inferno cotidiano!
Desse sentir humano!
Desse arquitetar tirano

De 5 dias nos quais jogamos o tempo ao tempo
Esperando ao relento do intento
Algo mais quente que corra por debaixo da tez!

“Agora é minha vez!”
         E rolam os dados…

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Poetrix

[Poetrix] Mania

Lavei essa mão (SUJA! SUJA!)
E lavando saiu sujeira (E SANGUE! SANGUE!)
Tenho Outra Canção?

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Interlúdio

Penalidades foram julgadas

Penalidades foram julgadas
E medidas
Contra a irracionalidade do viver!

Regrar o ter
É como sonhar com a Besta-Fera
Que impera
Na destruição!

Vigiarei do alto da torre teu coração
E se não sonhares comigo
Quebrar-te-ei a união!

No fogo,
Nas chamas,
Violei tua emoção!

A sensação é branca!
É negro o temor!
É corrupto o cárdio-mantenedor!

Visci eviscerada forma
De sombras deixada
Caída em turbilhões de mentes convalescidas
Que buscavam um messias capaz de apaziguar a dor!

Olhos fixos no espaço
Para um mundo sem futuro!
Mão cuidadosa na abertura do compasso.
O círculo se fecha
E tudo fica escuro…

…Nesse subconsciencioso versejar…
…Menos a dor.

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Tautotrix

[Tautotrix] Longinus Literário

Louco lancei-me logo
Laceraram-me lanças languidamente
Lácio lírico loquaz

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Interlúdio

Uma estrela (e tão somente)

O peso da caneta em minha mão
Se demonstrou convidativo,
Enquanto eu, cansativo,
Tenho algumas dores para chorar.

Nesse lago de formas
No qual atirei a minha vida
Vi despida
Uma bela senhora
Convidativa à dores.

E hoje, farto de amores,
Deixo tal dama dentro do lago
Enquanto fora e nas margens deitado
Olho o rubor noturno
Ante a minha miscigenação!

As estrelas do céu
São como irmãs desdenhosas.
Enquanto a noite,
Mãe desgostosa,
Fica por mim à lamentar.

Olhando assim para o céu
Num dos fulgores noturnos me fixei
E sensação tal alentei
Que me é difícil descrever!

Vi na face daquele astro arredio,
Dessa ninfa que com as demais se recusa à brincar,
A minha vida toda escrita,
Despida
E arremessada contra minha face!

E eis que nasce
O fator devastador
Que ruge nas sombras!

E dentro da caverna
Os olhos da fera brilham!
Dentro da alma escura
Uma caserna
Onde lanterna alguma resistiu acesa!

Minha alma agora coesa
Pode sentir do poder a amplidão.
E na certeza
Da aspiração pelo vácuo
Enclausurou o meu coração.

O claustro liberta a minha razão!
A solidão impera na minha decisão!

E das sombras e luzes que separei
Medi o arco,
Observei no alto a esfera
E a espera me cansou!

Por quantos dias
E noites frias
Ficarei enclausurado na prosperidade
Buscando o chão do meu amor?

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Letrix

[Letrix] Cidade

C
I
D
A
D
Exílio d’espelhos / espalham-se em milhas / milagre de ninguém

Este Letrix é a correção deste outro Cidade