Os justos pagam pelos pecadores!
Mas os justos que estudam
Estes só pagam meia.
Autor: lacus
Edificar
Fiz muitas caminhadas.
Nelas às vezes o Sol me acompanhava,
Em outras a Noite era a amiga nessas estradas.
Tantos velhos ideais visitei
Porém nenhum era aquele que buscava.
Vendo as pessoas seguirem a contragosto
Estradas pré-concebidas
Quis deixá-las todas
Sem maiores despedidas.
Porém enquanto eu deixava as velhas estradas só ouvi:
“Ai de ti que quer ir sozinho
E seguir seu coração!
Mas, ai mais de nós, não temos razão:
Estamos à contragosto neste caminho!”
Penetrei na mata à beira das estradas
E comecei sozinho meu sonho edificar!
Esse sonho não apenas de criar e ensinar,
Mas, de aprender, sofrer e amar!
Com o tempo muitos passaram
Curiosos onde estava:
Uns cresciam comigo e colocavam
Seu tijolo na obra.
Outros apenas queriam roubar
Os poucos que nos sobravam
E diziam:
“Sois egoísta! Edificaste um sonho à sua maneira!
Não segues regras?
Sua mente a loucura beira?
O que tem de melhor seu coração louco
Do que os que seguem um sonho já pronto?”
A esses nada respondia.
Não era necessário falar.
Pois, apesar de negarem,
Eles conhecem o seu pesar:
O de serem criaturas sem ânsia!
Seres sem vida!
Que dia a dia vivem
De ideais cruel despedida!
Podem tentar me parar!
Mas é a vontade de voar
Que me mantém nas alturas!
É a sede de mudar
Que me dá loucuras!
E isso não me podem roubar!
Faço o que faço porque amo!
E se não fosse esse amar
Como exigir o direito humano
De um sonho edificar?
Para a regente do coral municipal de Limeira,
Andréia Siqueira,
que ousou tomar um caminho só seu
[Poetrix] A Verdade sobre as Máximas IV
Disse o sodomita insaciável:
Mais vale um passarinho na mão
Que uma cenoura entalada no reto.
Eis que haviam no início
Doze deuses imortais,
O nome deles não interessa
E dizê-lo não me apraz.
Tudo era perfeito.
Tudo era direito.
Nada de política, nem hierarquia:
Isso sim que era alegria.
Não havia universo,
Planetas ou civilização,
Como já disse nesses versos
Só haviam os doze deuses e total aquietação.
Não havia fervor, nem tristeza,
Nem bem, nem mal.
Nesse mundo, onde tudo era certeza,
Corria tudo muito normal.
Todo dia se reuniam
Os doze deuses a discutir
Mas como assunto não havia
Tentavam todos dormir,
Porém como eram deuses
E isso não podiam
Percebia-se que daquele tédio
Todos já se enchiam.
Mas eis que um dos deuses
Teve ideia espetacular,
Só que ocultou-a de seus companheiros
Para que como surpresa a preparar.
Decidiu arquitetar
Piada sem par.
Uma piada única e fantástica
Que a todos, por muito tempo, iria alegrar.
Pensou em se vestir de palhaço,
Em simular uma doença esquecida,
Outras mil brincadeiras idiotas. Por fim decidiu:
“Por que não? Criarei vida!”
Então se foi o deus
Vida a criar.
Criou constelações, planetas
E universos a vagar.
Dirigiu-se então a um planeta,
Árido e pequeno como ele só
E rindo disse o deus:
“Dessa merda criarei vida do pó!”
“Fonte de diversão será
Para toda a eternidade!
Nesse mundo imbecil
Criarei a humanidade!”
Então disse o deus:
“Faça-se a luz, forte a iluminar!
Afinal, se nós deuses não podemos dormir,
Os idiotas humanos terão que todos os dias acordar.”
E assim havia se concluído
O primeiro dia da criação.
O deus não perdendo tempo
Criou o segundo mais rápido que um trovão:
“Façam-se as nuvens de chuva e os mares!
A chuva irá molhá-los, resfriá-los, incomodá-los.
Quanto aos mares,
Para o nosso deleite, afogá-los.”
E assim mais um dia se passava,
O deus rindo como um demente
A piada continuava
Com seu humor negro e doente.
Então ordenou que a terra dos mares se elevasse,
Assim podendo criar plantas e animais:
“Afinal eles tem que viver muito
Pois devem ser motivo de risos sem outros iguais!”
“Devem viver muito tempo,
Esses seres atrasados.
Afinal, de tão burros,
Vão destruir a si mesmos os retardados.”
“Pelo menos comida
Vou lhes dar de sobra
Para que não se destrua tão rápido
A minha tão engraçada obra!”
Então o terceiro dia se acabava
Indo logo para o quarto,
Em toda a sua alegria
Sua imaginação fazia o parto.
No quarto dia como sol,
Estrelas e lua, já havia criado,
Passou esse dia
Pensando no que iria fazer no sábado.
No quinto dia peixes e aves criou
Simplesmente para saciar a fome,
Mas os peixes fedem pra burro
E os pássaros cagam na cabeça do homem.
Já no sexto dia
Estava de saco cheio.
Criou os animais e pensou:
“É chegado o momento que tanto anseio!”
“Tenho que fazer o homem
Mas o que irei usar?”
Então pegou um pouco de lodo
E pôs-se a trabalhar.
Dando ao homem a mesma forma de um deus
Para que pense que é grandioso,
Mas, no fundo, no fundo,
Não passa de um monte de barro pastoso.
Deu vida ao seu boneco
E este começou a andar.
Andava com duas patas
Para que mais facilmente pudesse tropeçar.
Depois de criado
Faltava o essencial:
Uma mente putrefata
Para fazer idiotices sem igual.
Já não aguentando mais ver
Coisa tão bestial
O deus foi embora
Para relatar aos outros seu feito fenomenal.
Os doze deuses observaram aquilo.
Rolaram pelo chão.
Estremeceu todo o universo
Perante àquela gozação.
Pensaram então em que nome dar ao humano.
Um disse: “Que tal Adão?”
Indagaram os demais: “Por que?”
“Porque não sei, mas é um nome feio como o cão!”
Todos então riram
E passaram a observar a criação.
Quase todos caíram
Ao verem, fazendo cooper, Adão.
Este então tropeçando
Com força foi ao chão.
Quebrou a costela e disse um deus:
“Já começou a confusão!”
O deus que o criou
Logo o auxiliou,
Retirando a costela quebrada
E Adão logo se reabilitou.
Vendo a costela apodrecer
Pensou o deus: “Que desperdício!”
Criou da costela a mulher
E uma estranha relação teve início.
Logo os deuses se colocaram a divagar
Que nome dar a mulher então.
Um disse: “Eva!”. Indagaram: “Por que?”
“Porque é tão feio quanto Adão!”
Dessa relação tão cruel
(Quem poderia adivinhar?)
Iria surgir toda a humanidade,
Raça idiota, motivo dos deuses o gargalhar.
Só podemos concluir
Após todo esse horror
Que deus era um cara
Com muito senso de humor!
[Poetrix] A Verdade sobre as Máximas III
Foi empalado o ferreiro
Num espeto de pau,
Por isso Gepeto fez Pinóquio sem bilal.
MMXI
Anno domini
Anno Nemini
[Poetrix] A Verdade sobre as Máximas XII
“Está tudo nas mãos de Deus”
Acontece que não raro deus fecha a mão
E esmaga quem ou o que está dentro
A Tampa
Onde está a tampa?
A tampa que aqui estava
Não era uma tampa qualquer
Era a tampa que tampava.
Não era Tampax
Nem cidade da Flórida.
Não era chique
Não era módica
Era simplesmente a tampa!
A tampa que eu precisava
Era a única de sua espécie
Que este recepiente lacrava.
Nada na pia, nem na mesa…
Na sala? Hum… Eu acho…
Nada! Ah! Essa minha cabeça!
No banheiro? Sequer um traço.
Ei São Longuinho!
Se ver me dá um toque!
Não era tupperware era só
A tampa de um Ziploc!
Ai caraca… Tava em cima do microondas…
[Poetrix] RecursivaMente
Me preocupo demais…
Tanto me preocupo
Que deveria ficar preocupado
[Poetrix] Quando tudo temos II
Essa corrente que se afaga
Que quanto maior menos longe se vai!
Ah felicidade!