Cinza sapore
Cinza amore
Blu occhi senza colore
Autor: lacus
Autofagia
Cuspir e beber o escarro,
Jurar largar
E novamente cair em desvairo,
Talvez seja essa a dualidade
Sem sentido do viver:
Não se fazer planejando como se faria.
E de tanto sonhar,
Tanto querer,
A falsa moral nos joga nesta Autofagia.
Sentimos o ensejo
Mas perdemos o sabor!
Temos o desejo
Porém obscurecemos seu valor!
Por que?!
Por regras que ninguém entende?!
Por tradições que ninguém compreende?!
Tolos somos nós!
Seguimos uma lei
Que só nos faz ficar sós
Aqui na escuridão!
Vida obscura
De um caos insano!
Que em meio à loucura
Forja um plano
De construir!
Por cima de uma pseudo-ordem
Vivemos.
Existimos na nossa mais real desordem!
E ainda há aqueles que não concordem
Com este pensar!
Debaixo da moral
Colocamos a felicidade!
E o que ganhamos?
Praticamos escondidos a nossa feliz “iniquidade”!
E muitos sofrem
Escondidos
Com seus desejos
Obscurecidos
Procurando a razão!
E o que mudamos?
Nada!
Vivemos sob velhos moldes!
Desejar, reprimir, fazer e… continuar!
[Poetrix] A Verdade sobre as Máximas VIII
Um homem se conquista pelo estômago!
Mas com um belo chute nos bagos
Não há macho que não caia de joelhos.
Juventude
Somos filhos do tempo.
Nos apraz caminhar ao relento
Para nunca estarmos sós.
Nos embriagamos sempre.
Não pelo prazer,
Mas para que a mente
Não nos importune ao adormecer.
Desviamos nossa atenção do mundo.
A música é nossa irmã-filosofia
Não precisamos da sabedoria
Só queremos o solar da guitarra rico e profundo.
Que nos importa se nos tornaremos bestas engravatadas?
“Quero me divertir e sair!
Que me importa se mais tarde
Viverei anos com alguém que não quero,
Com filhos que não saberei educar?”
“Quero comer mulheres gostosas!
Todos querem um papo dez.
E se possível,
Que venham todos cair aos meus pés!”
E passam os anos…
[Poetrix] A Verdade sobre as Máximas VII
Panela velha faz comida boa
E vingança é melhor servida fria:
Nunca irrite uma panela velha.
Nós somos, nós tentamos
Cantar versos abismais,
Chorar lágrimas fatais
De tristezas esquecidas:
Estamos sempre falando da vida.
Tentamos esconder suas incongruências
Mas tanto faz:
Na decência e na indecência
Não há cadência, nem paz.
Tentamos em vão explicar
O fulgor do passado,
A passividade do presente
E o amargo sabor do inexperimentado.
Se o suor fosse todo nosso,
Se o fedor fosse todo seu…
Mas a mescla aqui não permite divisões,
Padrões e canções do seu e do meu.
Arrastai seus filhos para as sepulturas
Assim que eles escorregarem de seus ventres,
Ó formosas mães, cheias de doçuras,
Esta é a verdadeira filosofia dos crentes!
Qual é o padrão
Desta desregrada cavalgada
Que experimentamos nós
Que estamos sós?
Nos unimos por obrigação,
Nosso amor é só ilusão,
Por que construímos muros
Regras e morais para esta prisão!?
Bebei irmãos do néctar de uma vagina.
Urinai na boca de seus inimigos.
Sorvei comigo a essência da diversão.
Não será em vão!
Construamos uma casa de prazer.
Vamos dar cultura aos nossos filhos
Para que se tornem grandes fodedores,
Amantes do sexo e das belas palavras.
Vamos cantar uma louca canção.
Matar nosso mais fiel amigo.
Vamos nos destruir!
Essa é a nossa humana decadência!
Lágrimas da verdade!
Quem somos nós
Que vivemos tão sós
Aqui na escuridão?
[Poetrix] A Verdade sobre as Máximas VI
Para todo problema há uma solução:
Cicuta, cianeto, prozac,
Whisky, vodka, pinga com limão.
Afrodite
Às vezes quando de saudade sou tomado
Desço até o verde e gracioso prado
E com os dedos relva fico a arrancar.
O prado é calmo e tranquilo
E um pouco do teu colo sinto e me rejubilo
Desfazendo a miúdo o vazio que estava a se instalar.
“Quase um nada, quase um nada” – eu digo.
E a sensação que trago comigo
Quase me leva a sufocar.
Morena, Morena,
Por que me levaste pelos dedos de tua mão
Ao recôndito onde sabores são para se desfrutar?
Pequena Helena
Querias carícias dignas de dia de verão
E harpas e pífaros a bradar?
Eu que sou só tristeza
(E é tudo que no meu olhar talvez veja)
Nada mais tinha para lhe entregar.
Gesto da minha alma
Que se desvanece diante da carne nua.
Tocar-lhe morena me tira a calma
E eis-me solitário licantropo adorador da lua.
Não me roube o derradeiro alento:
Teu hálito doce, teu beijo suculento.
Teu corpo belo, das mãos de deus rebento.
Ah! Esse deus que se esmera em me tirar a paz!
Criou esta última fera de olhos negros e trato voraz!
De belos seios e corpo capaz
De ao mesmo tempo doar e tomar
Tudo o que há em mim e tudo o que um dia hei de me tornar.
[Poetrix] Por onde anda o terrorismo?
-Alá!
-O que tem Alá?
-Alá o homem-bomba!
No Berço de um Amigo Errante
Te vejo, ó criança,
Por lençóis circundada.
Quem diria te vendo assim, tão singela no berço,
Que tua existência seria tão enclausurada?
Hoje rasgando o véu do teu futuro pelos teus olhos infantis
Ouço, como Caminhante das Trevas que sou,
Os lugares sombrios que comigo, companheiro, visitastes.
Os lugares que tua forja incomum te levará-levou.
Nós dois, criados de materiais diferentes,
Porém os de ambos peculiares,
Fizemos caminhadas atrozes
Perseguidos por dúvidas seculares.
E hoje, ó criança,
Fruto do teu passado que descreves
No olhar perdido no espaço
Que concerne os caminhos que trilhar deves!
Te vejo, ó criança,
Como eu sonhando com o caminhar
Sabendo ou não se nele se encerra o sentido
Com um “quê” na alma que busca explicar.
Te admiro, ó criança!
Teu coração de trevas-luz
Foi esmagado até a destruição
Para a qual não encontro jus.
Tua esperança reduzida ao nada
E tua confiança reduzida ao vácuo.
E só restou na tua alma
Um articular de planos opaco.
Te convidaria a alçar asas pelos caminhos noturnos,
Mas não o faço porque sei
Que tua natureza, putrefata e fúnebre,
Para ti é uma lei.
Mas meu amigo,
A mim e a ti convidaram para descer
Ao abismo da alma humana
E assim a todos e a nós conhecer.
Mas meu amigo,
O que não aprendestes
Foi a sorrir
Quando de fato devestes.
E se o abismo te olha
Quando dentro dele você olhar
Com certeza se você rir
Ele com você rirá.
Então, ó companheiro,
Vê se alça essas asas noturnas e voa,
Mas não negue sua natureza,
Nunca, jamais, pelo tempo que da vida se escoa.
Sêde, ó Alma do Mal,
O abarcador das trevas e da luz
E não se perca (e nem perca tempo) no caminho,
Que a mente, mas não o coração, conduz.
E se o tempo lhe parecer muito,
Lembre-se que mais ameno foi a muitos,
Mas, mais construtivo foi a nós,
Que caminhamos juntos.
E fechando as portas visionárias
Que a contemplação do teu novo corpo me abre
Posso lhe afirmar que nossas almas antigas
O caminho ao nascer escrito em si já trazem.
Agora criança, despeço-me.
Toco tua fronte.
Agora é chegada a hora
De triunfal cruzar o Aqueronte.
Até breve, amigo…
Para Roberval Ranches