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Certas mulheres

A libido torna-se palpável

A libido torna-se palpável
E toma forma.
E com seus novos trajes corporais
Se adorna

E sem demora diz:
“É aquela mulher
Com a qual meu desejo condiz!”

E assim pela volúpia acercada
Se vê em êxtase enredada
Tal qual adolescente no regaço da amante.

Em tal prisão se vê triunfante.
Em tal claustro se faz viandante

Pela imaginação luxuriosa
Que cria cenas seviciosas
Servindo à serpente à sarça enroscada ardente.

E tal qual esse réptil inconsequente
Queria fincar meus venenosos dentes
E roubar da vida,
E em meio à vida convalescente,
A carne dessa mulher que dos seios melonáceos possuidora
Jaz no rol das sedutoras
Capazes de fazer à outrem
As insinuações do êxtase e da dor.

Tão duro conquistar-lhe pela flor.
Tão difícil levá-la ao leito de amor

Quando das paragens vespertinas
É a inerência do desejo
Ou quando nossas propinas
São tão parcas que nos provocam o medo
De perder a oportunidade única
De roubar-lhe sequer um beijo.

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Não.

Não.
Das tétricas furnas
Não quero saber nem a metade
Das histórias noturnas
Que permeiam a incerteza
Ponderando se a frieza
Seria o caminho ideal.

E de banal em banal
Se fez montante colossal
De vespas e bestas,
Adeptas da colméia hilariante
Onde juntam-se soldados
Por juntar-se simplesmente
Enquanto operários ao mel assalariados
Batem seu cartão vespa-vespertinamente.

E se Lúcifer
Não ditasse as regras
À Estrela da Tarde
Como Estrela da Manhã que é,
Que se faria das cegas
Que vagueiam por sob o sol que arde!?

Não haveria ardil que ostentasse
Ou forma que reinasse
Com seu pétreo trono
Sobre esse reino de “flashes” vermelho-sanguíneos
E sombras verde-purpúreas.

No entanto, na caixa de 32 lápis Faber-Castell
Se depositou todo o segredo de uma criança
Que não sabia o que era giz pastel
Mas estava disposta à barganhar com o demônio
Se precisasse atirar sua alma estúpida ao lôdo.

E no todo
   Verseja
    O mundo
      Que num segundo
        Imundo
          Se mantém
            E retém
              O movimento
                Opulento
                  Das potestades,
                    Majestades
                      E tropas
                        De Ases de Copas
                          Atirados sobre a mesa
                          De incerteza
                            Em que apostamos tudo
                              E não levamos nada
                                Que dissecada
                                  Não se demonstre vazia.

E na pia
Uma navalha espera um pulso.
E no sofá
Uma alma espera o impulso
Que faça a lâmina avançar.

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Metamorfoses de mim

Metamorfoses de mim
Foram expostas aqui
Para o público se divertir.

Quadros em exposição,
Molduras em esmaecência
Perdem por entre a decadência

A razão de se ostentar imagens por sobre um jardim de esferas de cristal.

Não seria de todo mal
Se sequer um jasmim
Quisesse crescer por aqui,

Mas, sob esse céu esbranquiçado,
Tendente à aparência do gessificado,
Só flutuam esses quadros de pública admiração
E esses mundos de vítrea formação.

Relva verde se espalha
E mortalha por sobre nossos olhos
Falha quando seguramos um universo.

Roubá-los do ar,
Tantos que são,
Não exige o arquitetar
De nenhum plano vilão.

Basta estender a mão ao alto
E roubar da árvore onde frutifica tanto dióxido de carbono como oxigênio
Retirando de sua flutuação
Esse círculo 3D de formato homogêneo.

Contemplá-lo é como rir da sombra
Que viaja rumo ao nascente
Fugindo do avançar do sol para o poente.

Atirá-lo numa moldura
É ver escorrer seu transparente sangue
Dissolvendo aquela imagem da loucura.

E se prisma fosse
E o prisma não fosse
Vegetariano
Decomporia o espectro arco-iridiano

Nas luzes do sol.

Agora,
Luzes por luzes,
Fica por isso mesmo:

Seduzes
Lilases
Fugazes
E és esfera por fim.

Por isso, sento-me toda tarde no meu jardim
E fico à contemplar as metamorfoses de mim.

 

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Introitus, Dies Irae, no Kyrie Eleison for me

Após “séculos” perseguido por folhas amareladas (não importa onde as aprisionasse, não havia armário, gaveta, sótão, que as mantivesse muito tempo longe da minha mente), decidi finalmente publicar as minhas insanidades de alguma forma. Não como quem tem alguma pretensão à grandiosidade mas, com mais acerto, como quem tem uma pedra no sapato por 20 anos e então, sem muita pressa, começa a pensar que precisa fazer algo a respeito.

A idéia deste blog é publicar material alternativo ao meu livro, que surgirá por aí nos meses vindouros.

Poderia desejar uma boa leitura, mas realmente não credito que isso vá acontecer…

(José Au)Gu(s)to Meirelles

PS: Lacūs: latim nominativo plural para “lago”. Registrar domínios ultimamente exige criatividade.

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Amigos e Caminhos Poesias Ruins {Po(v)e(r)t[r]y}

Poesias Ruins {Po(v)e(r)t[r]y} ForJu (H.B.)

Lá fora o frio e a neblina
Esgueiram-se por entre as pessoas,
Reclusas cada uma em sua particular sina,
Enquanto eu, cheia de pensamentos à toa,
Sem nexo, sem importância,
Sem a instância
De algo concluir,
Observo pela janela essas personagens
De passagem
Das quais sequer conheço a metade.

O sol cansado,
Fatigado e entediado,
Cumpre seu papel como por obrigação.
Parece que esse astro incendiado
Não tem a menor intenção
De com seus raios a neblina atravessar.

Olho para essa estrela diurna,
Três horas além do seu ápice,
Três horas aquém do seu ocaso
E, por acaso,
Puxo uma folha e um lápis
E o começo a desenhar.

Plasmo no papel as névoas densas
Que se confundem com as nuvens preguiçosas
E por trás dessas barreiras imensas
Coloca a esfera opaca no seu forçoso brilhar.

Olho para o papel com desdém.
Os traços que ele contém
São o espelho de um dia
Em que a monotonia
Tudo faz andar devagar.

Olho novamente pela janela
E como a Terra parece mais velha!
Os poucos carros nas ruas
E das faces as luas
Parecem uma cheia ostentar.

Os rostos estão inexpressivos e vazios,
Enquanto mãos nos bolsos, fugindo do frio,
Denotam o querer se ocultar.

Volto à mim
E ao meu redor.
Minha janela já não é mais uma janela.
É uma porta que leva a um corredor

De reflexões!

E nessa janela já não vejo o “lá fora”
Mas o meu reflexo que agora
Me leva à divagações!

Meus traços, meus olhos, minha boca.
Penso: “Louca!”
“Nada parece que se alterou!”
No entanto, mais um ano se passou.

É. É o meu aniversário.
E nesse cenário,
Vejo que tudo e nada mudou!

Atrás de mim
Vejo uma adolescente,
Uma criança
À margem do atual fim.

Atrás de mim:
Paixões, desvios,
Ideais, frustrações, alívios,
Brincadeiras bobas,
Decisões loucas,
Risos,
Lágrimas,
Páginas
De muitos livros,
Páginas
De muitos escritos

De cartas,
De memórias,
De vitórias,
De derrotas,
De notas,
Bilhetes de amores
Em ramalhetes de flores
Que recebi (ou foi imaginação?)

Atrás de mim:
Amigos, inimigos,
Brigas, reconciliações,
Intrigas, emoções,
Abraços, beijos,
Loucos desejos,
Festas,
Promessas,
Reconstruções…

     …Quantas estações!

Lugares,
Patamares,
Sonhares…

     …Quantas situações!
     Tantas perambulações…

…E o melhor!

Saber que tudo isso
Participou na construção
Do que hoje eu sou,
Das partes do meu coração!

Saber que tudo isso
São transformações de mim
Que resultaram aqui mesmo
Enfim!

Reconhecer
Cada erro como um passo do meu espírito
Em busca de si mesmo,

Compreender
Cada vitória como um passo do meu desatino
Que se recusou ao esmo

E empreender!
Novas viagens pelos anos que passam
E novos mundos
Nos futuros que se ocultam!

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AnarcoPoeticSongs: PoeticLongWayDisturb L'Art Poesias Ruins {Po(v)e(r)t[r]y}

{Po(v)e(r)t[r]y} Crítica ao poeta repetitivo (eu)

O poeta perdeu a razão…
É um demente!
Agora vislumbra o mundo
Não com olhos ardentes…

…Mas, cansados e chateados…

Quer escrever, mas…
“Escrever sobre que?
Tudo já foi dito!”
E com olhos atentos
A todo movimento
Ele vê que é preciso duvidar.

Esse adepto da engenharia havaiana
Percebe que de fato é preciso
Derrubar muros e construir pontes.

Mas, quais são esses muros?
Sobre o que colocar tais pontes?

Muito esse velho repetitivo já falou
Sobre os muros da solidão
E os rios de ânsia
Que desembocam em mares de frustração!

E lá vai o tolo:
Velhas metáforas…
Velhas palavras…
Rimas cansadas

Que insistem em renovar o seu sabor
E tirar a paciência do leitor.

E dá-lhe “amor”!
Olé!

E lá vai o tolo:
Tonto no ponto…
No ponto de cair…
…Ao ponto de dissentir…
…De si mesmo
A esmo.

E dá-lhe “peso”!
Pesar!
Buááá!

Chorar. Lacrimejar. Não mais.

E dá-lhe “ergue os braços”!
Avante!
Iluminar o semblante!
Viajante…
Intolerante!

E dá-lhe um “versificante”!
Com vitamina C
Pra ver se se vê
Ou se se pode esquecer.

E dá-lhe “conformação e cegueira”!
Tanta asneira…
Orgulhoso,
Com o orgulho feito peneira.

E dá-lhe Arístipo!

E dá-lhe Sócrates!

“Arístipo,
Pelos furos da tua veste
Vejo a luz do teu orgulho!”

E viva Sócrates:
Humilde e bem vestido,
Com o vestido no embrulho
Pra patroa deixar
Ele tomar a birita com os amigos no bar!

E viva a vida!
“Viva eu, viva tu,
Viva o rabo do tatu!”
Há! Há! Há!

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L'Art Poesias Ruins {Po(v)e(r)t[r]y}

{Po(v)e(r)t[r]y} Ao feto morto de uma poesia não escrita (um aborto)

Filho, feto da minha alma!
Te vejo agora morto nas minhas mãos!
Abortado foste por aquela que não teve forças
Para tirá-lo do coração!

Agora vendo teu semblante sem vida
Vem a mim cruel despedida
Da tua alma que agora está a vagar
Sabendo que, para o descanso, não terá lar.

Forma! Te vi gestado em meio a confusão.

Tuas partes foram má geradas
Em meio a múltiplos conflitos
De múltiplas encruzilhadas.

E agora que vens a tona,
O teu sentir disforme
E tua forma triste e sem vida
Provocam em mim a dor que consome.

E erijo para ti,
Ó alma errante,
Teu derradeiro túmulo de diamante!

O qual foi guardado aqui, no peito,
Esperando que viesse tolerante
Para depositar o teu semblante.

Toma asas,
Viajante dos ares!
Toma espaço,
Louco foragido de batizares!

Tua sombra projeta o tormento no meu ser.
Tua vida projeta morte no meu conceber.
Tua loucura é por demais arredia ao meu ver.

E agora criança-sombra
Chamo velhos pássaros:
Que voam rumo ao espaço
Ostentando na fronte seu pesar!

Voam em disparada.
Dura foi sua caminhada
E temem ao fim chegar!

Uniram o tormento,
Dispersaram o intento,
E sabem que não existe no mundo mais lugar!

Eles vêm agora, criança-sonho,
Buscar teu corpo morto e inerte
Em meio a essa poesia
Que minha alma agora verte!

Vê o por-do-sol, criança!
Eles te levarão para lá,
Onde nada se tem para ocultar.

Já chegam aqui os pássaros!
Já te tiram dos meus braços!
Já atravessam os espaços!
Sua partida já estou a contemplar…

…E a chorar…

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Asterix Poesias Ruins {Po(v)e(r)t[r]y}

{Po(v)e(r)t[r]y} [Asterix] Ciclo Menstrual IV: Uruca da TPM

Uruca e TPM, Arroz e Feijão,
Indissociáveis por natureza.
Ja vá lidando com a monstruação.

***Sobre Asterix consulte: Novas Formas Poéticas

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Asterix Poesias Ruins {Po(v)e(r)t[r]y}

{Po(v)e(r)t[r]y} [Asterix] Ciclo Menstrual III:Sobrevivência sobrenatural

Sangra Sangra e não morre!
Vai homem! Foge! Corre!
Parasobrevivente o Javali Final

***Sobre Asterix consulte: Novas Formas Poéticas

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Asterix Poesias Ruins {Po(v)e(r)t[r]y}

{Po(v)e(r)t[r]y} [Asterix] Ciclo Menstrual II:A Iminência do Caos

Ai meu deus!
Já vali-me de toda oração!
Chegou a menstruação.

***Sobre Asterix consulte: Novas Formas Poéticas