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Autor: lacus
Reflexos – parte v
Parte I
Parte II
Parte III
Parte IV
V
Me sento na varanda
E digo para mim mesmo
Enquanto os prédios cercam o manto da Deusa:
“Só precisava de um pedacinho de lua.”
E na rua
Argenteas multitudes transcorrem
E escorre da noite o seu sabor.
O manto está lá
E quem teria o valor?
De espelhar-se na Noite
Em reflexo e odor.
Parte VI
Parte VII
Parte VIII
Parte IX
Parte X
Parte XI
Partes XII e XIII (final)
Do teu dia tomarei apenas esta pequena noite,
Ó doce amada,
E no seu ocaso,
A madrugada,
Derramarei esses floridos versos de purpúrea forma.
É sábio dizer que não há norma
Que faça com que o coração indômito
Adormeça enleado de estranhos sabores.
O rigor, a dureza, o cáustico manar da palavra,
Perseguem a sua alma e a acorrentam à estrada
Da contusão.
Por isso o teu sorriso nunca me será caro o bastante
E sempre na cama me voltarei para o outro lado
Buscando inutilmente algo que estanque
O sangue da ferida feita no meu costado.
A chaga, a crueza, o duro manar dos dias,
Rígidos como rochas,
Austeros como canyons,
Enviam para adiante a minha existência
Empedrada pelos pedaços de madrugadas
Que como esta roubo de mim mesmo e entrego
Ao vazio.
Mares observo da praia
E ao longe vai o pensamento fortuito
Levado pelas ondas marinhas com o intuito
De seguir o meu querer que diz: “Se esvaia.”
As distâncias que separam
Do longínquo horizonte
Agora não me amparam
E baixo a cerviz, baixo a fronte.
O contemplar do mundo distante,
Bem para lá, esquecido e ocultado,
Forja o sentir do nada causticante
Eternamente por nós arquitetado.
Viaja para o longe…
Que procura olhar meu que sente
As agruras do lacrimejar?
Seriam esculturas a se contemplar?
Seriam pinturas para se apagar?
Seriam loucuras para se delirar?
Ou simplesmente pôr-do-sol
Para o qual se fica a divagar?
Ou puramente amor no atol
Esquecido pelas rocas que o destino antes ficava a usar?
Ah Parcas. Tão parcas e tão Parcas.
São só três
E os fios que cozem e torcem e rompem na nossa tez
Constituem todo o bordado
Que equaciona o aspirado
E faz enclausurado
Quando ruge no telhado
A maresia da imensidão.
De tantos horizontes
Quantos e tantos mais
Deixaremos nos estuprar aos montes
Na praia ou no cais
Buscando na paz
O que a guerra não trouxe?
Buscando no apraz
O que a terra não ouve?
Então para que destilar
Desse mar e desse horizonte
A aguardente do bar
Ou o baixar da fronte?
Reflexos – parte iv
IV
Abro espaço entre os círculos e as esferas.
Aqui, feras, não deixam nenhum traço
De embarcação sobre mar flutuante
Ou de faces de um lugar mnemósico-hesitante.
Estou apenas no mundo da imaginação.
No qual meu corpo nu,
Em meio ao obscuro,
Caminha
Por entre esses círculos de cristal.
Assim seguro
Caminha
Porém não seria de todo mal:
O crescimento dos jasmins
Ou o contemplar das metamorfoses de mim.
Os círculos ao meu redor flutuam
E há tantas faces distorcidas
Assim refletidas
Ao meu redor…
…Em círculos de cristal
Onde nem tudo é de todo mal…
Parte V
Parte VI
Parte VII
Parte VIII
Parte IX
Parte X
Parte XI
Partes XII e XIII (final)
IV
Ó flor altiva que se esgueira
Buscando os favores do sol
Será que em tua mente o pensamento beira
Das minhas ânsias e do meu rol?
Ou olhará sempre para cima, altaneira,
Em busca dos favores do sol?
E quando tua raiz busca na terra
Os prazeres dos límpidos sais
Não se apercebe dos que em dor você encerra,
Aqui no desprezo, à querer mais?
Ou sulcará eternamente a terra
Se comprazendo nos límpidos sais?
E no seu orgulho submete
Àqueles a quem não conheces, nem olhas,
E seus favores promete
Apenas à chuva que te molha.
Submetendo orgulhosamente
Àqueles que não conheces, nem olhas.
Tuas folhas assim crescem
Tão sem demora…
Enquanto outros fenecem
Na podridão que nosso ser deplora.
Enquanto tuas folhas assim crescem
Tão sem demora…
Ó tu, padecente em meio à áurea flora!
Por que não segues tua alma
E morre sem demora?
Ó eterna moradora do pútrido rol!
Daqueles que morrem em calma
Esperando os favores do sol!
Noite de garras armadas II
Uma fera ruge
E seus dentes são estrelas
Na sua boca aberta!
Uma deusa cobre
Com seu manto as centelhas
De vidas humanas que em oferta
Estendem seus braços ao Olho de Hórus:
Lua!
Inspiradora da licantropia!
Homens-lobo arreganham os dentes
Ante seu olhar benevolente
E terno!
E no Inferno
Cantam demônios canções em teu nome
Enquanto a chama consome
Alma mortal
Sob sua orientação
E redenção!
Cair aos pés da noite
De garras armadas
E rugir raivosa e alegremente
À cada um dos seus dentes!
E sentes!
Não há outro caminho
Que não seja aquele:
Sozinho!
Sai do ninho, Pássaro-Demônio,
E vai!
A noite cai
E vai
Ao teu encontro
Enquanto derrama sua saliva
De fel!
E no céu
Anjos se escondem!
Asas ensanguentadas caem ao chão
Destroçadas!
Potestades evisceradas
Sucumbem sem razão!
Tamanha, santa e bendita podridão!
Anjos fecham os olhos
Ante o auge da natureza da criação:
A noite de garras armadas
A rasgar o próprio coração!
O Jardim – parte iii
Dessa turba do continuar
Dessa turba do continuar
Nada mais quero!
Vê! Só espero
Desespero me desabrigar.
Talvez lançado à fúria das plagas da incerteza
Veja a rígida sutileza de se construir anéis:
Lançar-se ao círculo
E voltar
E voltar
E voltar
E voltar
E voltar…
Dessa turba do continuar
Nada mais espero!
Talvez esmero
O que não deva.
Mas veja a desgraça de lançar-se
E voltar
E voltar
E voltar
E voltar
E voltar…
À essa turba do continuar,
Na qual nada mais gero,
Inútil me enterro
À tentar
E tentar
E tentar
E tentar
E tentar
Extinguir meus erros
E dos meus desejos
Me libertar!
Reflexos – parte iii
III
Tomar um barco e navegar…
Tão vasto é o mar!
Porém só nos interessa aquele pedaço:
Em que, na proa, como se fitando o espaço,
Olhamos para baixo tentando compreender
Àquela criatura ondulante,
Àquela imagem como que enclausurada n’água,
Como que enclausurada num mundo tão distante.
Parte IV
Parte V
Parte VI
Parte VII
Parte VIII
Parte IX
Parte X
Parte XI
Partes XII e XIII (final)