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Considerações

Reflexos – parte xi

Parte I
Parte II
Parte III
Parte IV
Parte V
Parte VI
Parte VII
Parte VIII
Parte IX
Parte X

XI

Tantos olhos
Em tantos lugares!
Por que o mundo insiste tanto que eu me veja?
Tudo que meu coração deseja
É fugir para um lugar
Sem tanta reflexão.
Seria do mundo dos reflexos
A saída da entrada o portão?


Partes XII e XIII (final)

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O Fim

Porvir V

Horrores na mente culminas
E as forças minas
Em incansável perfuração!

Tua alma é rocha sólida
Que insólita
Lhe impede a continuação!

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O Fim

Porvir IV

Verterás loucuras impróprias e ímpares
Que se perderão na censura
Das pornografias
Que a usura
Incitou nos inimigos que alias!

Perderás tua virgindade com sórdida prostituta
Que inculta
Lhe ensinará verdades sobre o amor!

Cagarás nos berços dos teus filhos
E nos terços das beatas
Vomitarás!…

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Dor

No sonho daqueles que nos perderam

No sonho daqueles que nos perderam
Somos a nódoa da sombra
Que embranquece a luz.
E inerentes à coloração dos mortos nos fizeram,
Perdidos sob a relva,
À sustentar uma cruz.

E nos deram motivos para chorar à noite.
E nos deram lembranças e carinhos de açoite.
E nos fizeram voltar ao chão.

E singramos como os vermes
As paragens do húmus
Enquanto a mente estéril concerne
Os erros que ergueram nossos túmulos.

E as lembranças de quando éramos vivos
Nos escorrem da boca feito néctar sangüíneo.
Cavando túneis onde não chega o som dos sinos
O lembrar se transforma num caminho retilíneo.

E do transformar da sombra em sombra
É que se ergue a nossa mágoa.
Pois em pensamentos dividimos águas
Mas em toda fútil fúria nossa alma se assoma.

Pois ninguém nos rasga a carne na cama.
Pois ninguém nos compra a alma de lama.
Ninguém nos chama. Ninguém nos ensina.
Ninguém nos faz chorar.

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Considerações

Reflexos – parte x

Parte I
Parte II
Parte III
Parte IV
Parte V
Parte VI
Parte VII
Parte VIII
Parte IX

X

No filme na T.V.
Há um velho tocador de blues
Sentado numa mesa e tomando seu whisky
Com os olhos pelos óculos não nus.

Mas meus olhos são vítreos
De pura miscigenação.
Na minha mão
Não há whisky,
Só um dispositivo de síntono-alteração.
Na minha mente
Não há notas musicais,
Apenas a estática
De um canal que encerrou sua programação.

…E o velho olha para mim…


Parte XI
Partes XII e XIII (final)

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Noite

Noites de garras armadas I

Perfume maldito provém
Do vômito de minhas entranhas
E a mente sua boca faminta arreganha
Querendo devorar e ruminar tudo que me vem!

Hoje é um dia
Que as vísceras do meu pensamento
Estão largadas à lassidão!
E sua paralisia
Provoca o tormento
Que corrói a compreensão!

Eu sou um sonho!

O sonho de uma noite
Que de garras armadas
Empunhou sua fúria
Fazendo das esperanças formas destroçadas!

Eu sou o som!

O som atirado ao silêncio
Que vivifica mortes conflitantes
Que abrem brechas mendicantes

Por vermes que as penetrem!

Eu sou a víscera do universo!
E nesse verso
Derramo o meu funcionar:

Pouco tranquilo.
Pouco coerente.
Verde berilo.
Deliro inconsequente!

Noites de garras armadas!

Silêncios de multidões enclausuradas
Dentro desse organismo tosco,
Convalescente, morto!

Mortalmente eterno
No girar que faz subalterno
Nosso querer!

Ânsia da vida é fenecer!
Ânsia da morte é fazer ceder
O fio da vida!

O círculo do eterno encontro e despedida!

Noites de garras armadas!

Tantas às contemplei!
E no seu odor guerreiro presenciei

O chamar do demônio ávido de vida!
De céu!
De glória!
Resgatar da memória
Seus dias paradisíacos!

Noites de garras armadas!

Estrelas sanguíneas
Cortejando uma lua velha,
Cansada, desdentada!

Cai do céu,
Em tais noites,
O clamor!

E quando se choca com a terra,
Com estertor,
Provoca demolições!

Noites de garras armadas!

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Considerações

Reflexos – parte ix

Parte I
Parte II
Parte III
Parte IV
Parte V
Parte VI
Parte VII
Parte VIII

IX

Tão encerado,
Tão belo,
Assim está o assoalho.
Quando trago o pano para limpá-lo
Fico à admirá-lo,
Enquanto, do chão, uma voz exclama:
“E eu, teu reflexo, fico aqui à encará-lo!”


Parte X
Parte XI
Partes XII e XIII (final)

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O Fim

Porvir III

Demônios culminarás nas sombras
E pelas alfombras
Verás os teus anseios
Perdidos nos seios
Que beijaste!

E tocarás no peito da Morte,
Pois quando o acariciaste
Decidiste adorá-lo pela eternidade
E com liberdade
Que te denota o pesar!

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Dor

Sou o último herdeiro

Sou o último herdeiro
De herança que ninguém quer
E é por isso que um filho meu
Jamais conceberá nenhuma mulher.

Levo nos ossos a desdita
Do vicioso círculo do samsara
Essa roda cruel e maldita
Que esmaga corpos e jamais pára.

Levo nos ossos a desdita
Do vicioso círculo do samsara
Tem piedade, meu deus, e livra
Teus filhos dessa corrente que nos é cara.

Se tivesse a opção
Que escolheria?
Da liberdade a benção
De não repetir-me mais um único dia.

Dorme entre os lençóis da Eternidade
Ó criança concebida longe daqui
Nunca acorde para a realidade
Desprovida da lança que te pedi.

Pois se acordares e me incitares para a guerra
Desarmado com certeza vou cair.
Pois se abrires a caixa que o lamento da minh’alma encerra
Nunca, nunca mais vais conseguir dormir.

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Considerações

Reflexos – parte viii

Parte I
Parte II
Parte III
Parte IV
Parte V
Parte VI
Parte VII

VIII

O espelho é um caderno
No qual só o batom pode escrever.
E as poesias que contém podem ser fugazes

Tais como:

“Adeus!
      Espero nunca mais te ver!”

E quebra-se um vidro de perfume no chão!


Parte IX
Parte X
Parte XI
Partes XII e XIII (final)