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As an innocent flower

As an innocent flower
Drawn by the hands of a child
Bloomed my heart for love.

However, in a world which sanguine poets encloses,
My love was imprisoned
Like a flower inside a glass dome.

The dome distorts my visions.
The dome rules my sensations.
The dome refracts my external perceptions.

I was condemned to live the free love…
…Free of my own!

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Dor

Eu quero chorar todas as lágrimas

Eu quero chorar todas as lágrimas

As lágrimas que não derramei pela minha mãe
As lágrimas que não derramei pelo meu irmão
As lágrimas que não derramei pelo meu pai
As lágrimas que não derramei por meus tios e tias

Pelos meus avós
Pelos meus amigos que se foram,
Tanto os mortos quanto os que vivem,
Tanto os meus como os de outrem

Todas as lágrimas que o mundo proporcionou
Todas as lágrimas que o acaso entregou

Toda ausência de carinho, de sentido, de fé, de medo, de fragilidade, de devoção

Chorar toda a ingratidão do céu cansado de nós
Chorar toda a solidão da terra abandonada ao algoz

Que somos nós…

As lágrimas são infindáveis
E são uma benção

Rasgam a minha alma endurecida
Lavam o meu rosto embrutecido
Vincado e deformado pela falta de um sorriso.

E a lágrima é a irmã do sorriso

Quando ela mergulha no meu espírito
Quando ela debulha o meu sigilo

Ela faz brotar vindo do meu ventre esse último sorriso
Esse que me diz que vivo

Que o humano em mim deseja
Quer proximidade
Quer perdão pelo que não é culpável

Essa lágrima, esse sorriso,
São um só!

E provam que há vida e que além
Muito além de qualquer perspectiva

Ela resiste

Resiste por não querer mais resistir
Mas se entregar

À todas as lágrimas que caem desse céu escurecido
Sorrindo na redenção recostada no regaço de todo desconhecido

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Interlúdio

Abu

A vida é um poço de sofrimento
Do qual acreditamos na augúria
De recolher um balde de contentamento.

Repetimos: “Sonhar não tem preço”.
Mas o preço do sonho é a angústia
E o salário da angústia o medo.

Esse medo nos persegue também incansável
Como a figura ao lado do poço.
Ela nos diz todo dia e toda hora o inenarrável:
“Pouco, insuficiente, raso e tosco”.

O que foi erigido ou feito sequer preenche uma linha da mão;
Essas linhas que já se apagaram de tanto segurarem a corda
Que presa ao balde mergulha dia após dia em vão
No vazio profundo que contemplamos de pé ao lado da borda.

Os calos varrem qualquer sombra de destino,
A repetição qualquer vislumbre de sentido.

Há apenas:

A corda, o balde, o poço, a tarefa.
Buscando apenas o que nos resta,
De tentar aplacar a sede que nos afronta
Na beirada do poço fazendo monta

Daquilo que fatalmente isso atesta:
Morrendo todo dia um pouco fazendo graça
Levantando baldes como se fossem taças
Na pior e mais prosaica das festas.

E entre os serviçais que passam as bandejas,
Servindo fel, petiscos de sapos, canapés de larvas,
Ouço ao fundo mais um conviva de garganta ressequida
Bradando repetidamente incansável: “O que é a vida?”




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Quando tudo temos

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AnarcoPoeticSongs: PoeticLongWayDisturb

Eu sei que vou tirar

Hoje preocupado com o fato de que o Vinícius de Moraes não levou em consideração nos seus escritos a educação sexual, fiz essa versão educativa:

Eu sei que vou tirar
No coitus interruptus eu vou tirar
A qualquer remexida vou tirar
Desesperadamente
Eu sei que vou tirar

E cada gesto meu será pra te dizer
Que eu sei que vou tirar
A qualquer súbita mexida

Eu sei que vou gozar
É uma questão de tempo mas eu vou gozar
E cada curva tua há de levar
Ao que essa imprudência me causou

Eu sei que melhor era ter
Uma boa camisinha pra te comer
Sem aquela de tirar do interior teu
A qualquer súbita mexida

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Solidão

I-Cotidiano (a quota de um ano)

Eu sou um demônio cansado
E cansado sigo.
Queria ter um amigo
Mas só tenho o meu C.D.

Eu sou um humano comum
E comum me desligo.
Queria ter um abrigo
Mas só tenho o meu apê.

Eu sou um animal covarde
E covarde me obrigo.
Queria conversar contigo
Mas só conversa comigo a T.V.

Eu sou um homem calado
E calado te digo
Que este terno e esta gravata com os quais estou vestido
Fazem com que os outros não consigam me ver.

Eu sou um deus como qualquer um
E como qualquer egocêntrico consigo
Ficar sozinho sem o perigo
De ninguém me submeter.

Eu tenho dois controles remotos.
Eu tenho um amor remoto.
Eu tenho um remoto pensar
De que estou vivo em algum lugar

E em algum lugar te digo
Que te amo e queria estar com você
Mas alguém desligou a T.V.
O C.D.
E você!

Turn Off!

II-O estranho no apartamento

Eu tenho uma coleção de noites sem sonhos.
          Gostaria de ver?
Eu tenho uma galeria de dias repetitivos.
          Quer conhecer?

Eu tenho uma porção
De mundos virtuais
Na minha recordação!

A criança-e-suas-mitologias cresceu!
A criança-e-seus-livros-de-história cresceu!
          Já é um homem!
E hoje os vermes o consomem
Esperando retornar ao pó!

Você pode me ouvir?
Tem alguém aí?
Há alguém aí, fora dessas quatro paredes?
Ou acima deste teto?
Ou abaixo desse chão?

Sabe o que é, não queria te importunar,
Mas é que o concreto
Do meu coração
O colocaram mal.

E eu sinto umas coisas estranhas!
Li em livros que se chamam tristeza e solidão,

Mas ninguém as conhece
Pois nas suas entranhas
Dizem do sangue ser gelado!

Sabe o que é,
Eu não queria te importunar,
Mas queria que você descesse aqui
Pra gente se abraçar!
Só uma vez!
Só uma vez…

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Sonhos e Visões

{Po(v)e(r)t[r]y} Ariel Delizar

Um nome
   Que dorme
     Na ânsia
       E avança
         Para o tempo
           De ser possuído.

Quando vestido
   Será força
     No coração
       De uma moça,
         Uma mulher,
           Que hoje
             Sequer
               Nasceu.

Quando compreendido
   Será querido,
     Amado
       E temido
         Por quem não o compreendeu.

Ariel Delizar é o próprio amor.
Ariel Delizar é o próprio fervor

Na fúria,
   Na vingança
     E na luta.

Ariel Delizar
É a própria magia
Que irradia
O poder.

Ariel Delizar
É a própria alegria
Que evidencia
O compreender.

Ariel Delizar é sombria:
Senhora das Trevas
E Dama dos Sonhos
Que rindo descreve e enreda
O nosso coração nos seus caminhos errôneos!

Ariel Delizar é um dia!
É fera arredia
Em forma de flor!

É o silencioso clamor:
“Ariel Delizar. Ariel Delizar. Ariel Delizar.”

Esse nome
   Que dorme
     Pertence
       Ao futuro,
         Que escuro
           Resguarda

O claro nascer
De raro prazer

De uma criança
Que é minha esperança,

É minha alegria…
…É minha filha:

Ariel Delizar
Que não deixará coração algum
Sem se apaixonar…

“Ariel Delizar”!

~0~

No futuro
Há um ponto
Que insiste em não se apagar

E em meio ao obscuro
Me deixa tonto
Com o seu brilhar.

Meu ébrio coração
Fica cego de emoção
E contempla a imensidão
De uma ânsia com explicação:

Um nome e um sonho.

Sonhei a vida contemplando essa fome
E passei o sonho vivificando esse…

…Nome!

Essa que dorme
No porvir!

Há de vir:
Um dia, uma noite e um sonho!

~0~

Hoje eu te chamei.
Não foi em vão.
Pois eis que contemplei
A explicação!

Me veio em forma de palavras
Que bravas
Enfrentaram calmamente tormentas
Que alimentas
Sem razão!

~0~

A página branca diante de mim
E as palavras já escritas atrás dela
Que insatisfeitas ficaram para trás.

A inspiração à beira do fim
E uma idéia que impera:
Circunstâncias conflitantes roubando a paz.

Há algo…

Porém esse algo desenha uma fome irredutível
Que ao externo imperceptível
Vivifica a aspiração vivaz.

Sonhos delirantes!
Diamantes
Que berrantes
Na sua rósea coloração
Fazem prósea dissertação.

Caoneosfera irricidente.

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Considerações

O Açoite

Por que me açoita açoite?
Por que me açoita açoite?

Açoite! Açoite! Açoite!

Por que me açoita?

Açoita!
   Açoita!
     Açoita!

Açoite!
   Açoite!
     Açoite?!

Por que me açoita açoite!?

Açoite!
   Açoite!
     Açoite!

Por que me aceita açoite?

Aceita!
   Aceita!
     Aceita!

Por que açoite aceita?

Por quê!?
   Por quê!?
     Por quê!?

Aceita?!
   Aceita!
     Aceita!

Por que aceita o açoite?

Me aceita!
   Minha seita!
     Me aceita!

Açoite?!
Eu te aceito!!!

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AnarcoPoeticSongs: PoeticLongWayDisturb

O Trem a Vapor

*Singela paródia da música “A Banda” de Chico Buarque

Tava com nhaca da vida
E o meu amor me chamou
Pra gente ir se matar
No trilho do trem a vapor

Da minha vida sofrida
Despedi-me com ardor
Me deixando esmagar
Pela locomotiva a vapor

O homem sério que contava dinheiro parou
O faroleiro que contava vantagem parou
A namorada que contava as estrelas parou
Para ver, ouvir e dar passagem

A moça triste que vivia calada sorriu
A rosa triste que vivia fechada se abriu
E a meninada toda se assanhou
Pra ver a carniçada voar
Do trilho do trem a vapor

Tava com nhaca da vida
E o meu amor me chamou
Pra gente ir se matar
No trilho do trem a vapor

Da minha vida sofrida
Despedi-me com ardor
Me deixando esmagar
Pela locomotiva a vapor

O velho fraco se esqueceu do cansaço e pensou
Que ainda era moço pra sair no terraço e dançou
A moça feia debruçou na janela
Pensando que merda toda era aquela

A viscerada se espalhou na avenida e insistiu
A lua cheia que vivia escondida surgiu
Minha cidade toda se enfeitou
Com as entranhas espalhadas pelo trem a vapor

Mas para meu desencanto
O que era doce acabou
Limparam todo lugar
Depois que o trem passou

E cada qual no seu canto
Em cada canto uma dor
Só ficou meu sangue a pintar
O trilho do trem a vapor
Só ficou meu sangue a pintar
O trilho do trem a vapor…

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Considerações

A última folha do Outono

A última folha do Outono
Sente o vento querendo arrancar-lhe.
Ela sabe, embora não tenha carne,
Que até sua árvore lhe entregou ao abandono.

A última folha de Outono
Não quer morrer.
Cortar o cordão umbilical do galho
E se jogar ao chão onde a sujeira e não o orvalho

Irá lhe acariciar.

A carícia do bem é um sonho humano para a pequena folha.
Seca não vê que a luciférica escolha
Arrasta toda a criação
À putrefação da sabedoria.

A morte e suas facetas,
A dor e os seus adornos,
A sujeira do chão e os seus contrastes
Se miscigenam com o ar
E se insinuam no arfar
Do vento cansado.

A morte que rouba a vitalidade de todas as coisas
Está no ar, nas águas
E há de levar todas as formas ao seu descanso derradeiro

Na sujeira!