O poeta perdeu a razão…
É um demente!
Agora vislumbra o mundo
Não com olhos ardentes…
…Mas, cansados e chateados…
Quer escrever, mas…
“Escrever sobre que?
Tudo já foi dito!”
E com olhos atentos
A todo movimento
Ele vê que é preciso duvidar.
Esse adepto da engenharia havaiana
Percebe que de fato é preciso
Derrubar muros e construir pontes.
Mas, quais são esses muros?
Sobre o que colocar tais pontes?
Muito esse velho repetitivo já falou
Sobre os muros da solidão
E os rios de ânsia
Que desembocam em mares de frustração!
E lá vai o tolo:
Velhas metáforas…
Velhas palavras…
Rimas cansadas
Que insistem em renovar o seu sabor
E tirar a paciência do leitor.
E dá-lhe “amor”!
Olé!
E lá vai o tolo:
Tonto no ponto…
No ponto de cair…
…Ao ponto de dissentir…
…De si mesmo
A esmo.
E dá-lhe “peso”!
Pesar!
Buááá!
Chorar. Lacrimejar. Não mais.
E dá-lhe “ergue os braços”!
Avante!
Iluminar o semblante!
Viajante…
Intolerante!
E dá-lhe um “versificante”!
Com vitamina C
Pra ver se se vê
Ou se se pode esquecer.
E dá-lhe “conformação e cegueira”!
Tanta asneira…
Orgulhoso,
Com o orgulho feito peneira.
E dá-lhe Arístipo!
E dá-lhe Sócrates!
“Arístipo,
Pelos furos da tua veste
Vejo a luz do teu orgulho!”
E viva Sócrates:
Humilde e bem vestido,
Com o vestido no embrulho
Pra patroa deixar
Ele tomar a birita com os amigos no bar!
E viva a vida!
“Viva eu, viva tu,
Viva o rabo do tatu!”
Há! Há! Há!