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Delírios

Denerek!

Denerek! Por onde caminhavas tu
Por essas passagens gulturais
Desse castelo mal edificado?

Não percebes que alquebrados
Estão o vigia, a porta e os corredores?
Mas, se não se importa,
Só não se perca na vastidão de odores
Que te nausearão até horrores
Perpetrar em tua mente por tais cheiros.

Aqui, já lar de parcos herdeiros,
Carrega entre as sombras vestígios altaneiros
De brumas que carregam a alma das vísceras dos mortos.
Então, não te sumas como quem quer corromper os esforços
Numa mesa de jantar a procura de um garfo.
Pois abaixo da mesa não vão estar expostas as pernas daquela bela senhora esposa de Tarso,

Certo alquímico cristão,
Certo cínico ladrão,
Certo mítico pagão,
Certo mediúnico vilão,

Que sonhava com os esplendores
De um áureo-plúmbeo alvorecer.

Portanto, adivirto-te Denerek!
Aqui, tecer por entre as sombras
Enredos inglórios
Podem produzir alfombras
Empedradas de hieroglifos e esporos.

Chuva de fato,
Não é toda realidade,
Mas exige tato
Que te tente maltratar.

Então não vá pensar
Que é fácil ou volátil
O dirigir de turbas de espíritos
Pelos esgares tísicos
De um leproso.

Afinal, desgostoso
É o corroer de trevas
Pelo que levas
Debaixo dos teus olhos.

Pois de tal globo o movimento de rotação
Pode provocar noites,
Quando admiramos do cérebro a constituição,
Ou dias,
Quando nos deparamos com multidões em peregrinação.

Vêde. Estes muros foram erguidos
Como quem consegue desataviar de si
Falsos sonhos predadores,
Caçadores de mentes insanas
Que asceticamente mundanas
Forjam forjas para Cíclopes e intelectuais baratos,
Mas não foi naquele Da Vinci abstrato
Que se inspirou cada tijolo
Para reunir-se com os demais,
Forjar uma parede para tal quadro ostentar
E figurar da história os anais.

Afinal, a memória pode rolar por entre os escombros destes corredores,
Mas não será de amores que ela vai se impregnar.

Por isso, Denerek, advirto-te!
Não te demonstreis fugaz
No arquitetar de belas paisagens
Inerentes ao Pathernon.
Pois, aqui se se produz som
Ecos te perseguem de forma vivaz!

Não ostenteis na sola do sapato
O gastar que torna opaco
O trabalhar de quem o manufaturou.

Por entre estas escadarias
O trabalho é válido,
Por isso, o cenário,
Não ofendas como se fosse artista
Diante de platéia minimalista
Que fora de vista
Buscará debaixo da cadeira
Aquela goma de mascar “maneira”
Que foi ali grudada em tempos imemoriais.

Para essas escadas
Não forneças degrais
Que, de quatro, dimensões mais
Quererão pular a cada abertura do limbo por sob seus pés.

Não estendeis ao manto este revés
E nem um tapete vermelho no convés.

Afinal, marinheiros os há,
E vários,
Então por que içar velas
Por sobre as seqüelas
De rachaduras na parede
Ou nas loucuras da sede?

Vêde que neste ferrolho
Ao trinco basta estar atado,
Mas se quisesse dançar ao som de Orff por aí,
Ninguém o impediria.
Aliás, sempre teve uma queda pelo balé,
Mas decidiu ser um trinco.

Por isso Denerek,
Se insistires de fato
Nessas caminhadas
Pelas noitadas
Não vos espanteis
Se ouvires ou veres
Chaves executando “O quebra-nozes”
Enquanto martelos as assistem devorando castanhas,
Frutos de barganhas
Com árvores chatas e medíocres.

Ora, essa é a natureza das castanheiras.
Poderiam ter sido ostentadoras de forcas,
Mas preferiram produzir frutos que fazem sucumbir nossas forças
Ou arrebentam nossos dentes quando os queremos devorar.

Bem, Denerek, toma teu roteiro,
Vamos pelo castelo caminhar.

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