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Noites de garras armadas I

Perfume maldito provém
Do vômito de minhas entranhas
E a mente sua boca faminta arreganha
Querendo devorar e ruminar tudo que me vem!

Hoje é um dia
Que as vísceras do meu pensamento
Estão largadas à lassidão!
E sua paralisia
Provoca o tormento
Que corrói a compreensão!

Eu sou um sonho!

O sonho de uma noite
Que de garras armadas
Empunhou sua fúria
Fazendo das esperanças formas destroçadas!

Eu sou o som!

O som atirado ao silêncio
Que vivifica mortes conflitantes
Que abrem brechas mendicantes

Por vermes que as penetrem!

Eu sou a víscera do universo!
E nesse verso
Derramo o meu funcionar:

Pouco tranquilo.
Pouco coerente.
Verde berilo.
Deliro inconsequente!

Noites de garras armadas!

Silêncios de multidões enclausuradas
Dentro desse organismo tosco,
Convalescente, morto!

Mortalmente eterno
No girar que faz subalterno
Nosso querer!

Ânsia da vida é fenecer!
Ânsia da morte é fazer ceder
O fio da vida!

O círculo do eterno encontro e despedida!

Noites de garras armadas!

Tantas às contemplei!
E no seu odor guerreiro presenciei

O chamar do demônio ávido de vida!
De céu!
De glória!
Resgatar da memória
Seus dias paradisíacos!

Noites de garras armadas!

Estrelas sanguíneas
Cortejando uma lua velha,
Cansada, desdentada!

Cai do céu,
Em tais noites,
O clamor!

E quando se choca com a terra,
Com estertor,
Provoca demolições!

Noites de garras armadas!

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