Metamorfoses de mim
Foram expostas aqui
Para o público se divertir.
Quadros em exposição,
Molduras em esmaecência
Perdem por entre a decadência
A razão de se ostentar imagens por sobre um jardim de esferas de cristal.
Não seria de todo mal
Se sequer um jasmim
Quisesse crescer por aqui,
Mas, sob esse céu esbranquiçado,
Tendente à aparência do gessificado,
Só flutuam esses quadros de pública admiração
E esses mundos de vítrea formação.
Relva verde se espalha
E mortalha por sobre nossos olhos
Falha quando seguramos um universo.
Roubá-los do ar,
Tantos que são,
Não exige o arquitetar
De nenhum plano vilão.
Basta estender a mão ao alto
E roubar da árvore onde frutifica tanto dióxido de carbono como oxigênio
Retirando de sua flutuação
Esse círculo 3D de formato homogêneo.
Contemplá-lo é como rir da sombra
Que viaja rumo ao nascente
Fugindo do avançar do sol para o poente.
Atirá-lo numa moldura
É ver escorrer seu transparente sangue
Dissolvendo aquela imagem da loucura.
E se prisma fosse
E o prisma não fosse
Vegetariano
Decomporia o espectro arco-iridiano
Nas luzes do sol.
Agora,
Luzes por luzes,
Fica por isso mesmo:
Seduzes
Lilases
Fugazes
E és esfera por fim.
Por isso, sento-me toda tarde no meu jardim
E fico à contemplar as metamorfoses de mim.