A última folha do Outono
Sente o vento querendo arrancar-lhe.
Ela sabe, embora não tenha carne,
Que até sua árvore lhe entregou ao abandono.
A última folha de Outono
Não quer morrer.
Cortar o cordão umbilical do galho
E se jogar ao chão onde a sujeira e não o orvalho
Irá lhe acariciar.
A carícia do bem é um sonho humano para a pequena folha.
Seca não vê que a luciférica escolha
Arrasta toda a criação
À putrefação da sabedoria.
A morte e suas facetas,
A dor e os seus adornos,
A sujeira do chão e os seus contrastes
Se miscigenam com o ar
E se insinuam no arfar
Do vento cansado.
A morte que rouba a vitalidade de todas as coisas
Está no ar, nas águas
E há de levar todas as formas ao seu descanso derradeiro
Na sujeira!