Para todo problema há uma solução:
Cicuta, cianeto, prozac,
Whisky, vodka, pinga com limão.
Mês: fevereiro 2011
Afrodite
Às vezes quando de saudade sou tomado
Desço até o verde e gracioso prado
E com os dedos relva fico a arrancar.
O prado é calmo e tranquilo
E um pouco do teu colo sinto e me rejubilo
Desfazendo a miúdo o vazio que estava a se instalar.
“Quase um nada, quase um nada” – eu digo.
E a sensação que trago comigo
Quase me leva a sufocar.
Morena, Morena,
Por que me levaste pelos dedos de tua mão
Ao recôndito onde sabores são para se desfrutar?
Pequena Helena
Querias carícias dignas de dia de verão
E harpas e pífaros a bradar?
Eu que sou só tristeza
(E é tudo que no meu olhar talvez veja)
Nada mais tinha para lhe entregar.
Gesto da minha alma
Que se desvanece diante da carne nua.
Tocar-lhe morena me tira a calma
E eis-me solitário licantropo adorador da lua.
Não me roube o derradeiro alento:
Teu hálito doce, teu beijo suculento.
Teu corpo belo, das mãos de deus rebento.
Ah! Esse deus que se esmera em me tirar a paz!
Criou esta última fera de olhos negros e trato voraz!
De belos seios e corpo capaz
De ao mesmo tempo doar e tomar
Tudo o que há em mim e tudo o que um dia hei de me tornar.
[Poetrix] Por onde anda o terrorismo?
-Alá!
-O que tem Alá?
-Alá o homem-bomba!
No Berço de um Amigo Errante
Te vejo, ó criança,
Por lençóis circundada.
Quem diria te vendo assim, tão singela no berço,
Que tua existência seria tão enclausurada?
Hoje rasgando o véu do teu futuro pelos teus olhos infantis
Ouço, como Caminhante das Trevas que sou,
Os lugares sombrios que comigo, companheiro, visitastes.
Os lugares que tua forja incomum te levará-levou.
Nós dois, criados de materiais diferentes,
Porém os de ambos peculiares,
Fizemos caminhadas atrozes
Perseguidos por dúvidas seculares.
E hoje, ó criança,
Fruto do teu passado que descreves
No olhar perdido no espaço
Que concerne os caminhos que trilhar deves!
Te vejo, ó criança,
Como eu sonhando com o caminhar
Sabendo ou não se nele se encerra o sentido
Com um “quê” na alma que busca explicar.
Te admiro, ó criança!
Teu coração de trevas-luz
Foi esmagado até a destruição
Para a qual não encontro jus.
Tua esperança reduzida ao nada
E tua confiança reduzida ao vácuo.
E só restou na tua alma
Um articular de planos opaco.
Te convidaria a alçar asas pelos caminhos noturnos,
Mas não o faço porque sei
Que tua natureza, putrefata e fúnebre,
Para ti é uma lei.
Mas meu amigo,
A mim e a ti convidaram para descer
Ao abismo da alma humana
E assim a todos e a nós conhecer.
Mas meu amigo,
O que não aprendestes
Foi a sorrir
Quando de fato devestes.
E se o abismo te olha
Quando dentro dele você olhar
Com certeza se você rir
Ele com você rirá.
Então, ó companheiro,
Vê se alça essas asas noturnas e voa,
Mas não negue sua natureza,
Nunca, jamais, pelo tempo que da vida se escoa.
Sêde, ó Alma do Mal,
O abarcador das trevas e da luz
E não se perca (e nem perca tempo) no caminho,
Que a mente, mas não o coração, conduz.
E se o tempo lhe parecer muito,
Lembre-se que mais ameno foi a muitos,
Mas, mais construtivo foi a nós,
Que caminhamos juntos.
E fechando as portas visionárias
Que a contemplação do teu novo corpo me abre
Posso lhe afirmar que nossas almas antigas
O caminho ao nascer escrito em si já trazem.
Agora criança, despeço-me.
Toco tua fronte.
Agora é chegada a hora
De triunfal cruzar o Aqueronte.
Até breve, amigo…
Para Roberval Ranches
[Poetrix] A Verdade sobre as Máximas V
Os justos pagam pelos pecadores!
Mas os justos que estudam
Estes só pagam meia.