Poesia cantamos nós
Que vivemos sós
Sob a luz do sol.
Velejamos, velejamos,
Solitários levamos
A marca do pesar.
Choramos e vivemos,
Seguimos e nunca temos
Ombro para se recostar.
E se são poucos os versos,
Se vivemos dispersos,
É porque nos falta o amar.
Os pontos que se cruzam,
As encruzilhadas que se acham,
Passam longe daqui.
E se é pouca a vida
São muitas as lágrimas da despedida
Que nos trouxeram até aqui.
E se canto só
Vendo o vento levantar o pó
Do meu caderno,
No qual plasmo frustrações,
Separados corações
E desenho o mapa do inferno…
…Do meu humano inferno…
…Cheio de contradições!
Contraditas convulsões!
Alegria e ódio.
Riso e fantasia.
Dor e realidade fria…
…Que nos cerca:
Em despedida
Quando os pássaros,
Já cansados,
Juntam os traços
Do seu pesar!
Se é rijo o vento,
Se grande é o tormento,
Voam mais alto
Pra calar
A voz que clama no peito
O humano direito
De amar,
De calar,
De sonhar,
Viver
E morrer…