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O Fim

Abro assustado os olhos pela manhã

Abro assustado os olhos pela manhã
E já sinto o meu afã
Estou à um passo da desesperação

Venho de um pesadelo distante
Num mar de lúgubre embriaguez incessante
Vítima do ensurdecimento da razão

Minha alma em revolta
Nas névoas aguarda sua escolta
Para um desconhecido sepulcral

Eu estou me desfazendo
O tempo me corroendo
Sou um cadáver austero e banal

Pois passeiam pelo chão as folhas de outono
Mas eu sou um cão sem dono
Estou rastejando pelo cemitério fatal

As lágrimas da minha sede
É a minha vontade que cede
Caindo em desesperação final

Caindo na desesperação final…

Os pedaços da mente
São fotos do passado que atende
As necessidades desses dias de cão

Pois as recordações
São as alucinações
Das drogas que injeto no cotidiano…

…Suprindo as necessidades desses dias insanos

E sigo todo dia em frente
Empurrando minha carcaça decadente
Mas mente minha movimentação

Pois estou parado na vida
Com a cabeça apodrescida
Com os pedaços de um nada em ação

Racham as paredes do apartamento
Cai por sobre a terra o tormento
Dos dias que passam no vazio

A encanação está destruída
E a chuva que me intimida
É o círculo que me restringiu

Mas congelo minhas lágrimas
Pois o vento do inverno leva as páginas
Do ímpeto que um dia me atingiu

Nasci na primavera
Fui forjado no inverno
E assim meu coração se cingiu

No verão sequei
Esqueci tudo o que amei
E no outono fiquei amarelo e frio

Jogaram os dados da vida
E as estações perdidas
Escorrem pelos meus dedos

E a morte me aperta o ventre
Eu sou uma chama convalescente
Esperando o fechar dos teus medos…

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