Não quero regurgitar
Velhas frases já engolidas,
Mas tantas são as lágrimas
E tão profunda é a tristeza da despedida.
Tão fracos foram os dias de glória
Que se partiram em mil pedaços,
E caindo no tempo
Se perderam no vazio espaço
Que é meu coração.
Crenças criam força.
Sonhos criam homens.
Loucuras tornam suportável a razão.
Mas realidade sem sonho
É como o avistar risonho
De sepulcral caveira
Que torna tudo enfadonho.
Ah! Mas razão sem crença
É como um útero estéril.
É como edificar um palácio
Sobre areia movediça.
Hoje só queremos viver,
Mas não era muito melhor
Quando queríamos a vida absorver,
Brilhar e reduzir a nada o pior.
Os homens tem coração negro
Mas a negritude em nós é sem igual,
Porque vimos o abismo e cuspimos
E hoje freqüentamos o tal.
Onde está nosso brilho?
Se perdeu na nossa mais cruel traição?
Inventamos tantas desculpas…
Para que?! Nem à nós mesmos convence essa falação!
Onde está nosso coração?