Categorias
Considerações

Reflexos – parte x

Parte I
Parte II
Parte III
Parte IV
Parte V
Parte VI
Parte VII
Parte VIII
Parte IX

X

No filme na T.V.
Há um velho tocador de blues
Sentado numa mesa e tomando seu whisky
Com os olhos pelos óculos não nus.

Mas meus olhos são vítreos
De pura miscigenação.
Na minha mão
Não há whisky,
Só um dispositivo de síntono-alteração.
Na minha mente
Não há notas musicais,
Apenas a estática
De um canal que encerrou sua programação.

…E o velho olha para mim…


Parte XI
Partes XII e XIII (final)

Categorias
Noite

Noites de garras armadas I

Perfume maldito provém
Do vômito de minhas entranhas
E a mente sua boca faminta arreganha
Querendo devorar e ruminar tudo que me vem!

Hoje é um dia
Que as vísceras do meu pensamento
Estão largadas à lassidão!
E sua paralisia
Provoca o tormento
Que corrói a compreensão!

Eu sou um sonho!

O sonho de uma noite
Que de garras armadas
Empunhou sua fúria
Fazendo das esperanças formas destroçadas!

Eu sou o som!

O som atirado ao silêncio
Que vivifica mortes conflitantes
Que abrem brechas mendicantes

Por vermes que as penetrem!

Eu sou a víscera do universo!
E nesse verso
Derramo o meu funcionar:

Pouco tranquilo.
Pouco coerente.
Verde berilo.
Deliro inconsequente!

Noites de garras armadas!

Silêncios de multidões enclausuradas
Dentro desse organismo tosco,
Convalescente, morto!

Mortalmente eterno
No girar que faz subalterno
Nosso querer!

Ânsia da vida é fenecer!
Ânsia da morte é fazer ceder
O fio da vida!

O círculo do eterno encontro e despedida!

Noites de garras armadas!

Tantas às contemplei!
E no seu odor guerreiro presenciei

O chamar do demônio ávido de vida!
De céu!
De glória!
Resgatar da memória
Seus dias paradisíacos!

Noites de garras armadas!

Estrelas sanguíneas
Cortejando uma lua velha,
Cansada, desdentada!

Cai do céu,
Em tais noites,
O clamor!

E quando se choca com a terra,
Com estertor,
Provoca demolições!

Noites de garras armadas!

Categorias
Considerações

Reflexos – parte ix

Parte I
Parte II
Parte III
Parte IV
Parte V
Parte VI
Parte VII
Parte VIII

IX

Tão encerado,
Tão belo,
Assim está o assoalho.
Quando trago o pano para limpá-lo
Fico à admirá-lo,
Enquanto, do chão, uma voz exclama:
“E eu, teu reflexo, fico aqui à encará-lo!”


Parte X
Parte XI
Partes XII e XIII (final)

Categorias
O Fim

Porvir III

Demônios culminarás nas sombras
E pelas alfombras
Verás os teus anseios
Perdidos nos seios
Que beijaste!

E tocarás no peito da Morte,
Pois quando o acariciaste
Decidiste adorá-lo pela eternidade
E com liberdade
Que te denota o pesar!