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Dor

Sou o último herdeiro

Sou o último herdeiro
De herança que ninguém quer
E é por isso que um filho meu
Jamais conceberá nenhuma mulher.

Levo nos ossos a desdita
Do vicioso círculo do samsara
Essa roda cruel e maldita
Que esmaga corpos e jamais pára.

Levo nos ossos a desdita
Do vicioso círculo do samsara
Tem piedade, meu deus, e livra
Teus filhos dessa corrente que nos é cara.

Se tivesse a opção
Que escolheria?
Da liberdade a benção
De não repetir-me mais um único dia.

Dorme entre os lençóis da Eternidade
Ó criança concebida longe daqui
Nunca acorde para a realidade
Desprovida da lança que te pedi.

Pois se acordares e me incitares para a guerra
Desarmado com certeza vou cair.
Pois se abrires a caixa que o lamento da minh’alma encerra
Nunca, nunca mais vais conseguir dormir.

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