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Considerações

Reflexos – parte vii

Parte I
Parte II
Parte III
Parte IV
Parte V
Parte VI

VII

Se dos contrastes e contrários tudo é feito
Que vejo
Quando me vejo?

Meu reverso,
Meu revés,
Ou apenas mais um motivo
Para caminhar pelo convés?

E admirar a constituição da frota.


Parte VIII
Parte IX
Parte X
Parte XI
Partes XII e XIII (final)

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... Poesias Ruins {Po(v)e(r)t[r]y}

Não havia nada para dizer…

Como alguns devem ter notado, as Poesias Ruins finalmente estão indo para o site (todas indicadas com a respectiva categoria)… Não iam por uma questão de ego. Ego o qual foi convencido quando concordei em colocar uma ruim acompanhada de uma outra das regulares (que para muitos talvez sejam até piores). Como havia um pressuposto pacto de que tudo iria, resolvido o método prevaleceu o pacto.

Muitos (ou talvez ninguém) quiçá tenham notado a disparidade de estilo, conteúdo, idéias. Nada mais justo uma vez que os poemas aparecem no site tão somente seguindo a lógica do meu bel prazer, e nenhum sentido cronológico (o que seria, não impossível, mas no mínimo vago, uma vez que nada foi datado). Visto que eles abrangem um arco de praticamente 20 anos de criação(?) a disparidade é mais que esperada (e diria até “bem-vinda”).

E por último, gostaria de dizer que os comentários são a alegria do site. Toda vez que alguém faz um comentário uma criança é salva da morte por inanição na Romênia.

No final de cada postagem há um link para que se possa fazê-lo:

image

 

 

 

Comentem sim? A Administração agradece!

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O Fim

Porvir II

Declamarás sim!
Versos furiosos
Aos Senhores do Tempo
Que silenciosos
Guardam por sob o manto
As ampulhetas pacientes,
Os grãos insistentes
Em cair
Para o porvir.

Te contarão histórias
De enamoradas inglórias
Que cortejarás pelos teus dias
Que se seguirão!

Cantarás sim!
Versejares harmoniosos
Aos Senhores da Fúria
Que o poder guardam
Por sob a pupila purpúrea
Que brilha demonstrando
Caminhos e universos
Que desconexos
Lhe rasgam a razão!

Verterás sim!
Versejares subconscienciosos
À deuses mortos
Que sussurrarão promessas várias
E como párias
Pela tua mente vagarão
Enquanto teu dolorido coração delira,
Pira
E inspira
Sua final reclusão!

Malditas palavras
Jogarás sobre o papel
Em que lavras
Tua alma e teu fel!

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Delírios

Fracos elos

Fracos elos
Tentam segurar a cadeia.
A corrente
Insistente em não ceder
Quer morrer de desgosto como mãe
Ou parir à contragosto como pai.
Pai,
Que seja,
Que seja morto!
Elo é fraco,
Muito fraco,
Quase singelo,
Quase elo.
Elo, que seja,
Que seja belo,
Que seja velho!
A corrente
Insistente em não ceder
Quer vencer
A força que lhe puxa para baixo,
O peso da cabeça
Que figura transpassada no gancho.
Gancho, que seja,
Que seja senso
Que consenso
Consiga ostentar
(Uma cabeça decepada
Que não vai balançar).
Jogada!
Que jogue então
O jogo como se pode jogar,
Se te deram uma carta ao menos
Não vá regurgitar.
Das rodas gigantes
Carros foram forjados
Para cíclopes
E bípedes
De um olho só.
A corrente
Insistente em perecer
Vai!

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Amigos e Caminhos

A Poetisa do Castelo

Recentemente encontrei alguns escritos que julgava perdidos. Fiquei muito feliz em ter encontrado este, feito há uns 9 anos atrás, para uma amiga e companheira de versos: Débora Pereira

A poetisa do castelo está debruçada na janela da torre…

…Cansada das liras e danças,
Entediada com as tiras e nuanças
Retirou-se para os seus aposentos.

Ali acariciada pelo sol de tíbios raios
Fica entre a vigília e do sono o desmaio
A acalentar sabe-se lá que tormentos.

Ela anseia mas não fala.
Ela sofre mas não chora.
Ela quer… Mas a vontade resvala…

…Pelos dedos de sua mão…

Ela sonha com enredos que lhe cobrem de alturas.
Ela morde o lábio com os segredos da clausura.
Ela busca a lábia da serpente e os olhos do dragão.

Mas de tudo o que seu espírito verte
Quem teria o valor de ser intérprete?

Pois sua mente repleta de personagens e estranhos
Povoa o seu quarto de espíritos tamanhos
Que apavorariam o mais nobre guerreiro.

E fantasioso e feérico o seu cantar,
Mas mesmo assim só faz desesperar
Aquele a quem este toma por herdeiro.

Canta do triunfo do demônio,
De visitações em sonho
Que tudo fazem abismar.

Canta das lendas do açoite
Que gritos solta na noite
De atormentados a desvairar.

E ai! Canta do amante que em cinzas
Povoa o sonho mas não alisa
As linhas de sua (e)terna mão sem par.

Pois este castelo de festa e bulício
Tornou-se barulhento presídio
Para o seu espírito em amplidão.

E agora prisioneira da alma o suplício
Vê-se enclausurada no solstício
De um inverno além de toda imaginação.

É o frio de trovadores bêbados e estúpidos.
É o nada de reis gordos e tacanhos.
É o gelo do eterno prazer tépido.
É o desabrigo de toda sorte de sorriso esquelético.

E enregelada abriga-se e vai agora para o além profundo do seu interior…

A poetisa do castelo está debruçada na janela da torre
Mas em sua alma ela está diante do penhasco.
Barganhou por asas que toquem a lira de quem ouve
Mas não implorou por ouvidos não dissonantes como o aço.

O seu mergulho para o espírito
É uma viagem ao mar do eterno suicídio.
As pedras na morte não a amparam
E não morrendo chora as ondas que a afogam.

Ir de encontro ao seu destino
É justamente permanecer no limite.
Pois em sua vida há dois abismos:
O da porta que se fecha e da janela que se abre.

A porta tranca para fora os monstros que festejam
E a janela abre a jaula das quimeras que no seu interior habitam.

Mas haverá um dia que, como Ismalia, ela não vai aguentar.
Vai confiar em suas asas e vai querer para o espaço se alçar!

Vai subir no batente da janela
E fazer o que seu espírito anela:

Lançar o seu corpo para a Terra
E seu espírito para o Ar!