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Reflexos – parte iv


Parte I
Parte II
Parte III

IV

Abro espaço entre os círculos e as esferas.
Aqui, feras, não deixam nenhum traço

De embarcação sobre mar flutuante
Ou de faces de um lugar mnemósico-hesitante.

Estou apenas no mundo da imaginação.

No qual meu corpo nu,
Em meio ao obscuro,
Caminha
Por entre esses círculos de cristal.
Assim seguro
Caminha
Porém não seria de todo mal:

O crescimento dos jasmins
Ou o contemplar das metamorfoses de mim.

Os círculos ao meu redor flutuam
E há tantas faces distorcidas
Assim refletidas
Ao meu redor…

…Em círculos de cristal
Onde nem tudo é de todo mal…


Parte V
Parte VI
Parte VII
Parte VIII
Parte IX
Parte X
Parte XI
Partes XII e XIII (final)

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Considerações

O Jardim – partes iv e v (parte final)


Parte I
Parte II
Parte III

IV

Ó flor altiva que se esgueira
Buscando os favores do sol
Será que em tua mente o pensamento beira
Das minhas ânsias e do meu rol?

Ou olhará sempre para cima, altaneira,
Em busca dos favores do sol?

E quando tua raiz busca na terra
Os prazeres dos límpidos sais
Não se apercebe dos que em dor você encerra,
Aqui no desprezo, à querer mais?

Ou sulcará eternamente a terra
Se comprazendo nos límpidos sais?

E no seu orgulho submete
Àqueles a quem não conheces, nem olhas,
E seus favores promete
Apenas à chuva que te molha.

Submetendo orgulhosamente
Àqueles que não conheces, nem olhas.

Tuas folhas assim crescem
Tão sem demora…
Enquanto outros fenecem
Na podridão que nosso ser deplora.

Enquanto tuas folhas assim crescem
Tão sem demora…

Ó tu, padecente em meio à áurea flora!
Por que não segues tua alma
E morre sem demora?

Ó eterna moradora do pútrido rol!
Daqueles que morrem em calma
Esperando os favores do sol!

Parte V

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Noite

Noite de garras armadas II

Uma fera ruge
E seus dentes são estrelas
Na sua boca aberta!

Uma deusa cobre
Com seu manto as centelhas
De vidas humanas que em oferta

Estendem seus braços ao Olho de Hórus:

Lua!

Inspiradora da licantropia!
Homens-lobo arreganham os dentes
Ante seu olhar benevolente

E terno!

E no Inferno

Cantam demônios canções em teu nome
Enquanto a chama consome
Alma mortal

Sob sua orientação
E redenção!

Cair aos pés da noite
De garras armadas
E rugir raivosa e alegremente
À cada um dos seus dentes!

E sentes!

Não há outro caminho
Que não seja aquele:

Sozinho!

Sai do ninho, Pássaro-Demônio,
E vai!

A noite cai
E vai
Ao teu encontro
Enquanto derrama sua saliva

De fel!

E no céu

Anjos se escondem!

Asas ensanguentadas caem ao chão
Destroçadas!
Potestades evisceradas
Sucumbem sem razão!

Tamanha, santa e bendita podridão!

Anjos fecham os olhos
Ante o auge da natureza da criação:

A noite de garras armadas
A rasgar o próprio coração!

 

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Considerações

O Jardim – parte iii


Parte I
Parte II

III

Pobre da erva daninha,
Jaz sozinha…

Seu amor é tanto
Que sufoca.
Sua intensidade é tamanha
Que provoca

A morte das flores das quais se acerca…


Parte IV

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Interlúdio

Dessa turba do continuar

Dessa turba do continuar
Nada mais quero!
Vê! Só espero
Desespero me desabrigar.

Talvez lançado à fúria das plagas da incerteza
Veja a rígida sutileza de se construir anéis:

Lançar-se ao círculo
    E voltar
       E voltar
          E voltar
             E voltar
                E voltar…

Dessa turba do continuar
Nada mais espero!
Talvez esmero
O que não deva.

Mas veja a desgraça de lançar-se
    E voltar
       E voltar
          E voltar
             E voltar
                E voltar…

À essa turba do continuar,
Na qual nada mais gero,
Inútil me enterro
   À tentar
      E tentar
         E tentar
            E tentar
               E tentar

Extinguir meus erros
E dos meus desejos
Me libertar!