Categorias
AnarcoPoeticSongs: PoeticLongWayDisturb

Pensando na privada

Não é absurdo?
Só que o pensamento me agrada.
O de pensar enquanto se caga.

E os raciocínios correm livres
E facilmente acho o correto,
Enquanto, sem pressa,
As fezes mergulham do meu reto.

E a divagar sobre os aconteceres da vida
Com um cotovelo apoiado no joelho,
A mão segurando minha cabeça erguida
E com a outra coçando meus pentelhos.

Que sossegada visão é a de ler no banheiro.
Calmamente viajando na leitura
Enquanto a merda forma flutuante escultura.

Então, acaba a diversão.
A matéria acabou,
O metabolismo cumpriu sua função
E a correria da vida já voltou.

Mas sempre é reconfortante saber
Que logo chegará a hora de no banheiro se ler.

Categorias
... Poesias Ruins {Po(v)e(r)t[r]y}

Poesias ruins

Muito em breve começarei a postar poesias ruins. Vou criar uma categoria para elas de forma que as almas fiquem de sobreaviso. Rimas piores do que as convencionais, métricas ainda mais ridículas, conteúdo com um quê adolescente insuportável ou uma espiritualidade pedante. O porquê? Sei lá, vai que de repente alguém gosta.

Categorias
Apokolips

O Túmulo do Desconhecido

Eu queria ter lido teu nome no epitáfio,
Mas a ruína já apagou os escritos do teu túmulo
E nem o tato da palma da mão foi capaz
De sentir os sulcos que nomeavam a tua vida fulgaz.

E mesmo com as glórias de um batismo pagão ou santo
Seu nome, como qualquer outro,
Não resistiu para soprar palavras sem significado
À este futuro aos teus olhos ocultado.

E por forte, ou vivaz, ou estúpido, ou prepotente, ou caridoso
Que tenha sido o seu vôo
Foste abatido como qualquer um
E lançado ao chão distante do azul.

E por mais que tenha escrito
Ou edificado;
Apagado, animado
Ou pervertido,

Não sobrou marca alguma que indique
Como você era chamado ou conhecido.
Não há nada que explique
O porque do túmulo aqui erguido.

Categorias
L'Art

O Poeta lacrimeja no escuro

O Poeta lacrimeja no escuro.
Se é negro ou inseguro
Talvez seja fácil ou não precisar.
…Talvez não seja tão fácil de legislar.

Mas, que é que conta afinal
Se nas páginas da insensatez
Foram somente lágrimas que te dei?

E das lágrimas vertidas ao léu
Quisera buscar desse conceito de céu
Uma paragem onde por trás dos belos cenários
Vermes de contos já centenários

Hesitassem em querer habitar.

Mas o coração e a mente
Exorbitantemente ficcionais
Aprisionam a alma à fantasias,
Heresias, imaginais.

Tal Tolkien corrupção
Cria Valar e Ainur em desproporção
E desse coração perdido,
De sentimentos despido,

Abusa até os limites da frieza.

Mas, que é que conta afinal
Se nas lágrimas da insensatez
Foram somente páginas que te dei?

Essas páginas que me são tão caras
Que não rara vez
São como correntes rasgando a tez.

E dessas correntes sou prisioneiro
Desde tempos imemoriais.
Volta tua mente aos dias lisonjeiros
E verás estúpidos sedentos de paz.

Mas, o poder cegou o coração
Com o brilho opaco de escudos empoeirados.
Mas agora, sentimentos massacrados,
Caem esmaecentes pelo chão.

Mas que é que importa afinal
Se nas lágrimas da ingratidão
Só te dei mais um motivo
Para continuar…

Categorias
Interlúdio

“Dá-me o timão desta nau, ó marujo,

“Dá-me o timão desta nau, ó marujo,
E veremos onde haveremos de chegar!
Eu sou um argonauta assaz obtuso
E me atiro aos monstros sem sequer olhar!

Vede que além deste horizonte,
Mais que o Sol, mortes e mortes nos esperam!
Lá uma lua de infortúnios nos será a ponte
Para os horrores de uma noite de gritos que reverberam!

Mas eu, ó marujo, só sou um argonauta!
Um homem afeito ao mar e a luta.
E como quem se entretém com musical pauta
Sigo buscando o ardor que à multidão enluta.

Pois este ardor de morte reviveria esta alma estúpida
De seu letárgico sonho de indecisões
E além neste mar busco a vida não corrupta
Que pode dar fim à todas as vacilações!

Mas tal qual nova Hidra assim vejo meu destino:
A arte de cortar cabeças de monstros eternamente
É esta que durante a vida pratico e ensino,
Buscando ruidosa e estrepitosamente

Cortar a última que enfim me libertará!

Opaco o brilhar dessas vagas, homem!
Navegar por elas é como caminhar por brumas:
Este feitiço de espumas nos encerrará!”

O homem afeito ao mar…
O porto lhe é libertação ou martírio?
A clareza do sol, cegueira ou colírio?
Meu caro, nem ele nunca há de constatar!

Categorias
Delírios

caoNeosfera II

caoNeosfera Irriscidente
fusa cometoLogóiciázides inerpretorientes.
  adma crotoCratocêntricas
    endatqüo sonoPlastiParturianas
     venoExpemitam embrioMezoFerrobásicos
      in fracta mo equacioVacionado.
       pasmezinietam cloroFloriNatiMortiVitimadas
        endatqüo soluminescênico astroCaustiHidrogenerado
         empapta admum aresViciPerperAlterados.
          nóizicos paraPiroPeniânimos vermeVisceraPenenfectam
           in modus operandi facta vidiBioGeroPlasmaVenerada!

Categorias
Dor

Bipartido e bipartido

Bipartido e bipartido
Com que arte
Minh’alma se reparte.

E cada pedaço,
Do caminho o cansaço,
No caminho me refaço.

Mas mal trago de volta um pedaço de mim,
Outro se revolta, se desfaz assim…
Como poeira atirada ao vento.

Como pedras que se desempedram a contento.

Coesão!
Eis uma virtude quase beatífica!
Mas minha constituição nada pontífica
Cai em desconexão.

Rolam e rolam de mim os pedaços
Vítimas dessa lepra espiritual.
Caem estando no da amada o regaço
E caem na solidão sepulcral.

E não há doutrina!
Não há credo!
  Não há força!
   Que possa me reconstituir!

Já sou a separação encarnada
Que descarnada…
…Nem essa idéia irá persistir.

E as virtudes e os horrores
Assim à metade espalhados pelos campos do mundo
Hão de fecundá-lo
Mas não produzirão nada além de entulho.

Categorias
Dor

As lágrimas do inverno se foram

As lágrimas do inverno se foram
E de longe te fazem relembrar
Elas te chamam ao claustro
E no claustro te põem a exorcizar

Demônios culminaram a encosta
Da sombra do teu coração
E se soprando ao léu se faz a memória
Esses novos ventos vêm e vão

A obra inacabada e insípida
O objetivo traçado e não cumprido
A miséria da tua máscara iníqua
No claustro te põem despido

O chicote é o sibilo no espaço
E o sangue é a poça no chão
O rio é o que marca o teu cansaço
Nas costas da tua imaginação

A ferida te obriga a continuar
Buscando sem fim uma cura
Mas longa é a caminhada
E pouco é o sangue que perdura

Teus olhos atirados ao sol
Tuas mãos plantadas na areia
O círculo se completa e com mão de ferro
Sua alma se incendeia

Expurguei os teus pecados
E te chamei pelo caminho
Mas na sombra do primaveril vale
Me deixaste sozinho

O sonho te oculta a nódoa
Mas você segue a trilha do cão
No dono procura repouso
No dono procura perdão

Teus sentimentos já são tão poucos
Que se perdem em meio ao ar
E quando a tristeza foi tamanha
Você não quis acreditar

O inverno ao longe vai
E tuas lágrimas agora são cristais
Outra estação trará um novo tempo
Um tempo novo para novos ais

Categorias
Revelação

Busco um bom perfurador de olhos

Busco um bom perfurador de olhos
E uma excelente panacéia universal
Para que viva incessantemente
O mistério da revelação carnal.

Afinal perfurar os olhos uma vez
Para se ter a dádiva da iluminação
É tão pouco
Que à mim não me dá satisfação.

Quero fazê-lo até que o cegar-se
Transformando-se em lugar comum
Se torne a verdadeira visão
Que me levará a ver melhor do que qualquer um.

Categorias
Algum Ódio

O idiota

O idiota segue seu caminho ao precipício sem, tampouco, se importar.
Segue hipócrita como louco negando o hospício sem, no entanto, se alegrar.
Vai idólatra carregando o vício sem, sequer, imaginar.
Vai estúpido ao precipício e faça o favor de não desviar.

Pois gente como você quando cai leva mais cem.