Você, linda, perguntou-me certa vez,
Confesso, me pareceu a princípio insensatez:
“Você chora?”
Sou humano, sou mortal,
Meu coração de sonhador é sem igual:
“É claro que choro”, respondo sem demora.
Penso. Tão frias são as pessoas.
Sua profundidade está mais para lagoas
Do que para o furioso mar.
Quem não é capaz de chorar
Ante a força silenciosa do mar
Que as areias da praia fica a acariciar?
Ou ao ver,
Tão lindo,
O sol se perder
Atrás do horizonte?
E muitos são os que choram
Ao observar o curso do rio de cima da ponte.
Quem não chora ante a injustiça?
Quem não verá os olhos do ódio brilharem
Quando os sonhos se despedaçarem?
Choramos sentimentos incontidos.
Sofremos ou sorrimos tocados
Muitas vezes pelas nossas próprias lágrimas.