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L'Art Poesias Ruins {Po(v)e(r)t[r]y}

{Po(v)e(r)t[r]y} Ao feto morto de uma poesia não escrita (um aborto)

Filho, feto da minha alma!
Te vejo agora morto nas minhas mãos!
Abortado foste por aquela que não teve forças
Para tirá-lo do coração!

Agora vendo teu semblante sem vida
Vem a mim cruel despedida
Da tua alma que agora está a vagar
Sabendo que, para o descanso, não terá lar.

Forma! Te vi gestado em meio a confusão.

Tuas partes foram má geradas
Em meio a múltiplos conflitos
De múltiplas encruzilhadas.

E agora que vens a tona,
O teu sentir disforme
E tua forma triste e sem vida
Provocam em mim a dor que consome.

E erijo para ti,
Ó alma errante,
Teu derradeiro túmulo de diamante!

O qual foi guardado aqui, no peito,
Esperando que viesse tolerante
Para depositar o teu semblante.

Toma asas,
Viajante dos ares!
Toma espaço,
Louco foragido de batizares!

Tua sombra projeta o tormento no meu ser.
Tua vida projeta morte no meu conceber.
Tua loucura é por demais arredia ao meu ver.

E agora criança-sombra
Chamo velhos pássaros:
Que voam rumo ao espaço
Ostentando na fronte seu pesar!

Voam em disparada.
Dura foi sua caminhada
E temem ao fim chegar!

Uniram o tormento,
Dispersaram o intento,
E sabem que não existe no mundo mais lugar!

Eles vêm agora, criança-sonho,
Buscar teu corpo morto e inerte
Em meio a essa poesia
Que minha alma agora verte!

Vê o por-do-sol, criança!
Eles te levarão para lá,
Onde nada se tem para ocultar.

Já chegam aqui os pássaros!
Já te tiram dos meus braços!
Já atravessam os espaços!
Sua partida já estou a contemplar…

…E a chorar…

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