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Poesias Ruins {Po(v)e(r)t[r]y} ForJu (H.B.)

Lá fora o frio e a neblina
Esgueiram-se por entre as pessoas,
Reclusas cada uma em sua particular sina,
Enquanto eu, cheia de pensamentos à toa,
Sem nexo, sem importância,
Sem a instância
De algo concluir,
Observo pela janela essas personagens
De passagem
Das quais sequer conheço a metade.

O sol cansado,
Fatigado e entediado,
Cumpre seu papel como por obrigação.
Parece que esse astro incendiado
Não tem a menor intenção
De com seus raios a neblina atravessar.

Olho para essa estrela diurna,
Três horas além do seu ápice,
Três horas aquém do seu ocaso
E, por acaso,
Puxo uma folha e um lápis
E o começo a desenhar.

Plasmo no papel as névoas densas
Que se confundem com as nuvens preguiçosas
E por trás dessas barreiras imensas
Coloca a esfera opaca no seu forçoso brilhar.

Olho para o papel com desdém.
Os traços que ele contém
São o espelho de um dia
Em que a monotonia
Tudo faz andar devagar.

Olho novamente pela janela
E como a Terra parece mais velha!
Os poucos carros nas ruas
E das faces as luas
Parecem uma cheia ostentar.

Os rostos estão inexpressivos e vazios,
Enquanto mãos nos bolsos, fugindo do frio,
Denotam o querer se ocultar.

Volto à mim
E ao meu redor.
Minha janela já não é mais uma janela.
É uma porta que leva a um corredor

De reflexões!

E nessa janela já não vejo o “lá fora”
Mas o meu reflexo que agora
Me leva à divagações!

Meus traços, meus olhos, minha boca.
Penso: “Louca!”
“Nada parece que se alterou!”
No entanto, mais um ano se passou.

É. É o meu aniversário.
E nesse cenário,
Vejo que tudo e nada mudou!

Atrás de mim
Vejo uma adolescente,
Uma criança
À margem do atual fim.

Atrás de mim:
Paixões, desvios,
Ideais, frustrações, alívios,
Brincadeiras bobas,
Decisões loucas,
Risos,
Lágrimas,
Páginas
De muitos livros,
Páginas
De muitos escritos

De cartas,
De memórias,
De vitórias,
De derrotas,
De notas,
Bilhetes de amores
Em ramalhetes de flores
Que recebi (ou foi imaginação?)

Atrás de mim:
Amigos, inimigos,
Brigas, reconciliações,
Intrigas, emoções,
Abraços, beijos,
Loucos desejos,
Festas,
Promessas,
Reconstruções…

     …Quantas estações!

Lugares,
Patamares,
Sonhares…

     …Quantas situações!
     Tantas perambulações…

…E o melhor!

Saber que tudo isso
Participou na construção
Do que hoje eu sou,
Das partes do meu coração!

Saber que tudo isso
São transformações de mim
Que resultaram aqui mesmo
Enfim!

Reconhecer
Cada erro como um passo do meu espírito
Em busca de si mesmo,

Compreender
Cada vitória como um passo do meu desatino
Que se recusou ao esmo

E empreender!
Novas viagens pelos anos que passam
E novos mundos
Nos futuros que se ocultam!

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