Cansado de atravessar os mares da insanidade
Levanto meus braços ao alto
Em concentrada fúria
E vejo através dos meus olhos sanguíneos
Horríveis e divinos desígnios
Agindo sobre a minha mente.
Quem os criou?!
Não sei!
Quem os incutiu naquilo que sou?!
Faço leve idéia!
Mas circulam as formas ao meu redor
Enquanto perdido em meio à essas esferas insanas
Vou percorrendo os limites do nada
Buscando pelo vácuo
Um sentido ao qual valha ater-se.
Mas, de que adianta
Ater-se à suposições?
Tudo isso nada mais é
Do que uma âncora de ilusões
Para os nossos corações!
Prender-se ao nada para não morrer louco
Ao invés de navegar!
Assim nossa vida parece que vai
De fato naufragar
Nesse mar de súplicas!
Onde pedimos e nos pedem!
Onde oramos e nos embebem
De respostas mal forjadas!
Falsa forja!
Pré-concebida!
Preconceito!
E qual o nosso direito
De moldar a ordem com o caos?
Não é mais fácil
Seguir rios de protoplasma?
Mas, quando a mente isto cogita
Pasma
Diante de tanta indagação!
Indignada indagação!
Indignação!
Com o caos!
Ordem, vida e bactéria!
Na miséria!
Na fome!
Na sujeira!
Mas, de que adianta indignar-se
Se o rio de lôdo segue seu curso
Porque no mundo o que há é só um belo discurso
Instigando sensações!
E assim seguimos nessas convulsões!
Nesse êxtase repentino!
Nesse orgasmo precoce assexuado!
Pois assim o nosso sentir está enclausurado
Numa cascata de perturbações.
A vida é um gelo inerte
Num mar putrefato de mediocridade!
A vida (essa insana falsidade)
Nos rouba da terra e nos entrega ao verme.
Nos rouba da paz
E nos joga no cerne
Da loucura…